Sou contra a criminalização do uso de drogas. De qualquer droga. Seja uso recreativo, obsessivo ou qualquer outro. Uma pessoa viciada em drogas, assim como um alcoólatra, tem que ser tratado, nunca preso. Não há grandes novidades neste raciocínio. Nos quatro cantos do mundo civilizado é assim que se tem tratado essa questão.
Apesar disso, muito provavelmente não votaria em um cocainômano para prefeito da cidade em que vivo. Nem um alcoólatra. E é mais improvável ainda que um partido sério viesse a escolher para tal cargo (ou qualquer outro) um candidato com problemas semelhantes.
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E é também por isso que considero um acerto o candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), ter esfregado na cara de Pablo Marçal (PRTB), seu oponente durante debate da TV Globo desta quinta-feira (3), o laudo toxicológico realizado no Instituto Fleury provando que não é usuário de cocaína. E ainda desafiou Marçal a fazer o mesmo teste.
Grupos qualis
Nos grupos de qualis sobre o debate a que a Fórum teve acesso, este foi considerado o ponto alto do encontro e deve ser algo comentado nesses últimos dias da eleição. O caso, segundo avaliações, pode render alguns votos ao candidato do PSOL, principalmente entre eleitores que se incomodavam com essa acusação de Marçal e que podiam ter migrado para Tabata ou mesmo Nunes.
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Há um outro fator determinante. Ao mostrar o laudo, Boulos não só provou o contrário, como também mostrou que seu adversário não passa de um mentiroso e leviano.
O mesmo, no entanto, não pode ser dito pelo candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB), com relação ao Boletim de Ocorrência feito pela sua esposa por violência doméstica. O documento é tão cristalino quanto o laudo do Boulos.
Tudo bem, bater na esposa ou em qualquer outra pessoa é crime. Usar drogas não deveria ser e essa é uma bandeira histórica do campo progressista. Mas, como dito acima, nem um nem outro candidato com esses problemas seriam da minha predileção por razões diferentes. E creio que nem da maioria do eleitorado.
Boulos acertou.
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