"Alexandre de Moraes, deixa de ser canalha". O urro propalado por Jair Bolsonaro (PL) no dia 7 de Setembro de 2021 à horda fascista que se acotovelava na Avenida Paulista ainda ecoa em meio à rataria que deixou os porões em que ocupava após o fim da Ditadura Militar no país.
Dois dias depois do ato de incivilidade, quando firmou um pacto com os extremistas de que "não mais cumpriria" as determinações judiciais sentenciadas por Moraes, Bolsonaro meteu o rabo entre as pernas e pediu desculpas em nota cunhada pelo parceiro golpista, Michel Temer. Dizia ele que as declarações "decorreram do calor do momento". Deu, assim, uma mostra mais de sua reiterada covardia.
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Incivilidade e covardia compõem o perfil de todo fascista. A capacidade cognitiva limitada pela ignorância - uma escolha própria, frise-se - liberta as revoltas mais primitivas do instinto animalesco do ego ferido.
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Ceivados por repetidos discursos de ódio segregacionista do neofascismo, muitos desses animais encontram-se acuados desde o fim da barbárie bolsonarista. Mas, não foram extirpados. E, ao se depararem com símbolos estabelecidos para atiçar seus sentimentos viscerais, partem para o ataque.
Foi o que aconteceu quando o empresário do interior paulista Roberto Mantovani Filho se deparou com o advogado Alexandre Barci de Moraes e o pai dele, o ministro do STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Alexandre de Moraes, a quem Bolsonaro destilou grande parte de seus discursos de ódio.
Ao lado da esposa, Andréia Munarão, e do genro, Alex Zanatta, Mantovani agrediu Barci com um tapa, em meio à parlanda odiosa propagada em sua horda, cooptada por décadas de distorções que fizeram do "comunista" o homem do saco dos adultos.
Lenda dos seguidores do mito
Nos dias que se seguiram ao ataque, em meio às fake news que emergiam da selva bolsonarista, o casal pediu "desculpas pelo mal entendido" e cunhou a narrativa de que teria sido Barci, o filho de Moraes, quem agrediu a "indefesa" Andréa Munarão, que bradava as palavras de ordem diante da sala VIP do aeroporto.
Em representação à PF para apuração do episódio, Moraes relatou que estava na área de embarque do aeroporto por volta das 19h quando Andréia se aproximou e deu início aos xingamentos. Em seguida, Mantovani "passou a gritar e, chegando perto do meu filho, Alexandre Barci de Moraes, o empurrou e deu um tapa em seus óculos. As pessoas presentes intervieram e a confusão foi cessada".
Em depoimento à Polícia Federal, no entanto, Mantovani disse apenas ter "afastado com o braço" o filho do ministro do STF para que não se aproximasse da esposa.
A narrativa dos bolsonaristas foi classificada como "rídicula e risível" pelo ministro da Justiça, Flávio Dino.
"Imaginemos o absurdo. Alexandre de Moraes está com sua família caminhando no aeroporto, vê uma família qualquer e resolve agredir essa família? Isso é ridículo! Isso é risível", disparou Dino.
A lenda dos seguidores do mito, realmente, não se sustentou por muito tempo. Principalmente diante das imagens das câmeras do aeroporto enviadas à PF. E a limitação cognitiva deu, então, lugar à falta de memória.
“O Sr. Roberto disse que o afastou com o braço. Ele não tinha a lembrança se com um empurrão ou tapa. Isso, imediatamente após seguidos e graves insultos a sua mulher. Foi um ato de defesa de um idoso com 71 anos de idade”, disse o advogado Ralph Tórtima, antecipando-se a um possível novo inquérito, pela mentira de seu cliente no depoimento à polícia.
A tentativa de cunhar uma fake news se estendeu ao genro, que entregou um vídeo editada, de 10 segundos, para "provar" que não houve agressão. Acreditando ele que a Polícia Federal não detectaria, de bate-pronto, a distorção grotesca na técnica disseminada pelo gabinete do ódio para incitar a horda bolsonarista.
Incivilidade e covardia
O esfacelamento político de Bolsonaro, ainda em curso, tem afetado os ânimos de seus radicais, alimentados com uma sanha odiosa contra Lula e tudo que ele representa nos últimos anos.
Com seu capitão às traças encontram-se famintos. Sem a alienação constante por meio de fake News e cursos olavofascistas, restou o abatimento e a resignação.
E ratos, quando acuados, atacam sem o mínimo de racionalidade e senso de consequências de seus atos.
Mas, ao menor sinal de reação, foge e se esconde. Covardemente. É assim com Bolsonaro. É assim com seus asseclas, as milhões de faces da barbárie fascista no Brasil.
Incivilidade seguida de covardia. E um pedido de desculpas para tentar apagar a selvageria e esquecer os tempos de trevas no país. Como se isso fosse possível.
Alexandre de Moraes não esquece do dia em que foi execrado e tratado como "canalha" por Bolsonaro. E se lembrará por muito tempo do tapa desferido em seu filho e das agressões da família Mantovani no aeroporto de Roma.