Genro de Roberto Mantovani Filho, acusado de dar um tapa no rosto do filho de Alexandre de Moraes, o empresário Alex Zanatta tentou enganar a Polícia Federal (PF) entregando um vídeo editado, de apenas 10 segundos, sobre as hostilizações ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) no aeroporto de Roma.
Zanatta estava presente no momento dos ataques feitos por Mantovani e pela esposa, Andréia Munarão, e foi interrogado pela PF antes de entregar o vídeo que, segundo fontes da PF ouvidas pela rádio CBN, sofreu algum recorte ou foi interrompido. Os investigadores pediram o envio do vídeo na íntegra para analisar as imagens.
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Advogado dos apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) que promoveram a agressão, Ralph Tórtima negou que há uma tentativa de desmerecer o vídeo. Segundo ele, o vídeo só pode ser considerado editado após passar por perícia.
Nova versão
Após dizer em depoimento à PF que apenas afastou com o braço o advogado Alexandre Barci de Moraes, filho do ministro do STF, Roberto Mantovani mudou a narrativa nesta quinta-feira (20) diante da chegada das imagens internas do aeroporto, que comprovariam a agressão.
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Diante das informações de que houve a agressão, Mantovani alega que ele "não se lembra" se empurrou ou deu um tapa no filho do ministro do STF.
“O Sr. Roberto disse que o afastou com o braço. Ele não tinha a lembrança se com um empurrão ou tapa. Isso, imediatamente após seguidos e graves insultos a sua mulher. Foi um ato de defesa de um idoso com 71 anos de idade”, disse o advogado.
Ataque
Em representação à PF para apuração do episódio, Moraes relatou que estava na área de embarque do aeroporto por volta das 19h quando Andréia se aproximou e deu início aos xingamentos. Em seguida, Roberto Mantovani Filho, "passou a gritar e, chegando perto do meu filho, Alexandre Barci de Moraes, o empurrou e deu um tapa em seus óculos. As pessoas presentes intervieram e a confusão foi cessada".
Moraes disse ainda que "a esposa Andréia e Alex Zanatta, genro do casal, retornaram à entrada da sala VIP onde eu e minha família estávamos e, novamente, começaram a proferir ofensas".
Atos golpistas
A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (18) uma operação de busca e apreensão em endereços ligados a Roberto Mantovani e Andreia Munarão.
Roberto e Andreia prestaram depoimento à PF nesta terça-feira e tiveram seus celulares apreendidos para perícia já na delegacia em Piracicaba (SP). Na parte da tarde, a ministra Rosa Weber, do STF, autorizou e policiais federais fizeram busca e apreensão em endereços ligados ao casal na cidade de Santa Bárbara d'Oeste, interior paulista.
Foram apreendidos computadores, celulares e documentos. A PF quer analisar se Roberto e Andreia possuem algum tipo de envolvimento com os atos golpistas deflagrados por apoiadores de Jair Bolsonaro em 8 de janeiro deste ano.
Roberto e Andreia respondem, junto com Alex Zanatta, que estava com eles na agressão a Moraes, a inquérito aberto pela PF pelos crimes contra a honra e ameaça, que podem levá-los a uma pena de até 2 anos e 6 meses de prisão.
Autoridades italianas confirmam agressão
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou nesta terça-feira (18), que autoridades italianas confirmaram que a família do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, foi de fato agredida pelos brasileiros Roberto Mantovani e Andreia Munarão no aeroporto de Roma.
"Sei dessas informações desde ontem, de que, de fato, a parceria com autoridades da Itália confirmava a agressão e certamente os depoimentos para a Polícia Federal vão esclarecer as agressões", disse o ministro em entrevista ao UOL Entrevista.
Padilha disse ainda que está na hora de acabar a intolerância no país. "Fizemos um grande esforço para estancar uma tentativa de golpe que teve no país, que cada vez mais vamos vendo que foi planejada".