Antes de deixar Bruxelas, onde participou da reunião de Cúpula dos países Latinos e Caribenhos com a União Europeia, na manhã desta quarta-feira (19), Lula deu uma dura declaração ao comentar os ataques realizados por bolsonaristas contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e o filho dele no aeroporto de Roma no último fim de semana.
Lula comparou o casal Roberto Mantovani Filho e Andréa Mantovani e o genro Alex Zanatta a "animais selvagens", que renasceram no "neofascismo colocado em prática no Brasil" por seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), que ainda não se pronunciou sobre o caso.
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"Nós precisamos punir severamente pessoas que ainda transmitem ódio, como o cidadão que agrediu o ministro Alexandre de Moraes no Aeroporto de Roma. Um cidadão desses é um animal selvagem, não é um ser humano", disse Lula em entrevista coletiva antes de deixar a Bélgica.
O presidente brasileiro ainda mandou recado aos apoiadores radicais de Bolsonaro, que insistem nos ataques a autoridades, dizendo que essa gente "tem que ser extirpada".
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"É possível a gente voltar a civilização, sempre foi assim. Essa gente que renasceu no neofascismo colocado em prática no Brasil tem que ser extirpada, e nós vamos ser muito duros com essa gente para eles aprenderem a voltar a serem civilizados. Queremos paz, trabalho, emprego, educação, saúde e viver bem", disse o presidente brasileiro.
Ataque
Em representação à PF para apuração do episódio, Moraes relatou que estava na área de embarque do aeroporto por volta das 19h quando Andreia se aproximou e deu início aos xingamentos. Em seguida, Roberto Mantovani Filho, "passou a gritar e, chegando perto do meu filho, Alexandre Barci de Moraes, o empurrou e deu um tapa em seus óculos. As pessoas presentes intervieram e a confusão foi cessada".
Moraes disse ainda que "a esposa Andréia e Alex Zanatta, genro do casal, retornaram à entrada da sala VIP onde eu e minha família estávamos e, novamente, começaram a proferir ofensas".
Atos golpistas
A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (18) uma operação de busca e apreensão em endereços ligados a Roberto Mantovani e Andreia Munarão.
Roberto e Andreia prestaram depoimento à PF nesta terça-feira e tiveram seus celulares apreendidos para perícia já na delegacia em Piracicaba (SP). Na parte da tarde, a ministra Rosa Weber, do STF, autorizou e policiais federais fizeram busca e apreensão em endereços ligados ao casal na cidade de Santa Bárbara d'Oeste, interior paulista.
Foram apreendidos computadores, celulares e documentos. A PF quer analisar se Roberto e Andreia possuem algum tipo de envolvimento com os atos golpistas deflagrados por apoiadores de Jair Bolsonaro em 8 de janeiro deste ano.
Roberto e Andreia respondem, junto com Alex Zanatta, que estava com eles na agressão a Moraes, a inquérito aberto pela PF pelos crimes contra a honra e ameaça, que podem levá-los a uma pena de até 2 anos e 6 meses de prisão.
Autoridades italianas confirmam agressão
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou nesta terça-feira (18), que autoridades italianas confirmaram que a família do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, foi de fato agredida pelos brasileiros Roberto Mantovani e Andreia Munarão no aeroporto de Roma.
"Sei dessas informações desde ontem, de que, de fato, a parceria com autoridades da Itália confirmava a agressão e certamente os depoimentos para a Polícia Federal vão esclarecer as agressões", disse o ministro em entrevista ao UOL Entrevista.
Padilha disse ainda que está na hora de acabar a intolerância no país. "Fizemos um grande esforço para estancar uma tentativa de golpe que teve no país, que cada vez mais vamos vendo que foi planejada".
Defesa nega
O advogado Ralph Tórtima, que faz a defesa do casal de bolsonaristas Roberto Mantovani Filho e Andreia Mantovani afirmou nesta quarta-feira (18), após depoimento do empresário à Polícia Federal (PF), que foi o filho do ministro Alexandre de Moraes, o advogado Alexandre Barci de Moraes, quem teria iniciado as ofensas e que, diante disso, ele teria sido "afastado com o braço".
Segundo Tórtima, Roberto Mantovani nega que tenha agredido o filho do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e que agiu para defender a esposa, que tem 71 anos.
"Ele nega que tenha havido um empurrão. Ele diz que em razão de ofensas que eram proferidas à sua esposa, ele afastou essa pessoa que, como eu disse, ele sequer sabia quem era. Mas, era uma pessoa que fazia ofensas bastante pesadas, bastante desrespeitosas à sua mulher", afirmou o advogado, que ressaltou que apenas "posteriormente teria sido dito a eles tratar-se do filho de Alexandre de Moraes".
Tórtima ainda afirmou que Roberto "não presenciou ninguém hostilizando o ministro".