HOSTILIZAÇÃO EM ROMA

Bolsonaristas dizem que filho de Alexandre de Moraes ofendeu mulher e foi "afastado com o braço"

Versão do casal, que nega ter hostilizado o ministro do STF, deve ser desmentida pelas imagens do circuito interno do aeroporto que estão sendo entregues à Polícia Federal.

A família de bolsonaristas que teria hostilizado Alexandre de Moraes em Roma.Créditos: Reprodução/TV Globo
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O advogado Ralph Tórtima, que faz a defesa do casal de bolsonaristas Roberto Mantovani Filho e Andreia Mantovani afirmou nesta quarta-feira (18), após depoimento do empresário à Polícia Federal (PF), que foi o filho do ministro Alexandre de Moraes, o advogado Alexandre Barci de Moraes, quem teria iniciado as ofensas e que, diante disso, ele teria sido "afastado com o braço".

Segundo Tórtima, Roberto Mantovani nega que tenha agredido o filho do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e que agiu para defender a esposa, que tem 71 anos.

"Ele nega que tenha havido um empurrão. Ele diz que em razão de ofensas que eram proferidas à sua esposa, ele afastou essa pessoa que, como eu disse, ele sequer sabia quem era. Mas, era uma pessoa que fazia ofensas bastante pesadas, bastante desrespeitosas à sua mulher", afirmou o advogado, que ressaltou que apenas "posteriormente teria sido dito a eles tratar-se do filho de Alexandre de Moraes".

Tórtima ainda afirmou que Roberto "não presenciou ninguém hostilizando o ministro".

"Ele passava pela sala Vip, havia brasileiros ali, havia gente filmando - ele viu gente filmando o ministro -, mas a visualização dele com o ministro foi de segundos. Ele viu o ministro, comentou com a família que o ministro estava ali, mas o ministro estava de costas e imediatamente adentrou à sala vip. Ele não teve qualquer contato, não trocou qualquer contato com o ministro", declarou o advogado, que ainda acompanhará o depoimento de Andreia Mantovani.

Mentiras

A versão do casal, no entanto, deve ser desmentida pelas imagens do circuito interno do aeroporto de Roma, onde aconteceram as agressões.

As imagens, que começam a ser entregues à PF, mostrariam Andreia ofendendo o ministro na área do embarque, próximo à sala VIP.

Mesmo sem som é possível ver pelo gestual que Andreia desafia o ministro, de acordo com informações da cúpula da PF.

O que ainda não está claro para os investigadores é a sequência de fatos relativos ao tapa que Alexandre de Moraes afirma que seu filho, que também se chama Alexandre, tomou de Mantovani.

A PF classifica como "abundantes" as imagens do episódio e, por conta disso, a análise detalhada deve levar algum tempo.

O genro do casal, Alexandre Zanatta, que também foi apontado como agressor por Moraes, depôs no domingo. Ele afirmou que não estava presente no início da discussão e disse que só foi chamado quando a situação já estava praticamente resolvida. Zanatta sustenta ainda que não ofendeu ninguém.

Os três poderão ser indiciados por crimes contra a honra, agressão e até por atos antidemocráticos.

Entenda o caso

A Polícia Federal abriu inquérito e as três pessoas acusadas de hostilizar, ameaçar e agredir o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e seu filho na última sexta-feira (14) no Aeroporto de Roma, na Itália, responderão por crimes contra a honra e ameaça, que podem levá-los a uma pena de até 2 anos e 6 meses de prisão. 

Moraes estava ao lado do seu filho no aeroporto de Roma, indo viajar para outro país da Europa após uma palestra na cidade de Siena, quando foi hostilizado por três bolsonaristas. “Bandido, comunista comprado”, disse uma mulher chamada Andreia Mantovani.

Em seguida, um homem identificado pela PF como Roberto Mantovani Filho, marido de Andreia, chegou a agredir o filho do ministro com um tapa. O rapaz teria tentado intervir nas agressões ao pai. Logo depois, um terceiro bolsonarista identificado como Alex Zanatta, genro de Roberto, se juntou aos outros dois detratores nas ofensas ao magistrado.

Após desembarcarem no aeroporto de Guarulhos os três foram identificados pela PF e responderão em liberdade a um inquérito. Em mensagem divulgada através das redes sociais, o ministro da Justiça, Flávio Dino, classificou o comportamento dos bolsonaristas contra o ministro do STF como "criminoso".