ASSÉDIO POLÍTICO

Casal bolsonarista que atacou Moraes pede "desculpas pelo mal entendido"; Dino solicita imagens à Roma

Roberto Mantovani Filho e Andréa Munarão negam ataque ao ministro do STF; enquanto isso, PF aciona autoridades italianas

Andéa, Alex Zanatta e Roberto Mantovani Filho, os três que hostilizaram Moraes, ao serem abordados pela PF no Aeroporto de Guarulhos.Créditos: Reprodução/TV Globo
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Roberto Mantovani Filho e Andréa Munarão, casal acusado de ter, junto com Alex Zanatta, atacado o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na última sexta-feira (14) no Aeroporto de Roma (Itália), divulgaram uma nota na noite de domingo (16) em que pedem "desculpas pelo mal entendido" e negam que tenham ofendido o magistrado. 

Segundo a Polícia Federal (PF), que abriu inquérito contra o trio por crimes contra a honra e ameaça, que podem levá-los a uma pena de até 2 anos e 6 meses de prisão, Moraes estava ao lado do seu filho no aeroporto de Roma, indo viajar para outro país da Europa após uma palestra na cidade de Siena, quando foi hostilizado

“Bandido, comunista comprado”, teria dito Andréa. Em seguida, Roberto Mantovani Filho, marido de Andreia, teria agredido o filho do ministro com um tapa. O rapaz teria tentado intervir nas agressões ao pai. Logo depois, o terceiro bolsonarista, Alex Zanatta, genro de Roberto, se juntou aos outros dois detratores nas ofensas ao magistrado.

Após desembarcarem no aeroporto de Guarulhos os três foram identificados pela PF e responderão ao inquérito em liberdade. Zanatta prestou depoimento à PF no domingo (16) e negou envolvimento no ataque e Moraes. Já o casal Roberto e Andréa, cujo depoimento está previsto para terça-feira (18), informou em nota divulgada por sua defesa que o Moraes teria sido atacado por outras pessoas no aeroporto, e que Roberto teria tentado "conter" uma das pessoas que acompanhavam o ministrro. 

"Roberto Mantovani Filho e sua esposa lamentam, sinceramente, todo o acontecido, estando convictos da existência de equívoco interpretativo em torno dos fatos. Esclarecem que as ofensas atribuídas como se fossem de Andréa ao Ministro Alexandre de Moraes foram, provavelmente, proferidas por outra pessoa, não por ela. Que dessa confusão interpretativa nasceu desentendimento verbal entre ela e duas pessoas que acompanhavam o Ministro", diz um trecho da nota. 

"Que diante dessa discussão, que ficou acalorada diante das graves ofensas direcionadas a Andréa, Roberto, que tem mais de 70 anos, precisou conter os ânimos do jovem ofensor. Dessa forma, reiteram que em nenhum momento ocorreram ofensas, muito menos ameaças ao Min. Alexandre, que casualmente passou por eles nesse infeliz episódio", prossegue o comunicado. 

Roberto e Andréa ainda pedem "desculpas" pelo o que chamam de "mal entendido", salientando que esperam uma investigação "isenta". 

"Mesmo assim, se desculpam pelo mal entendido havido, externando o veemente respeito que nutrem pelas autoridades públicas, extensivo aos seu familiares. Esclarecem, ainda, que aguardarão a divulgação da íntegra das imagens eventualmente captadas no aeroporto, acreditando que serão esclarecedoras do mal entendido havido. Por fim, manifestam acreditar numa apuração isenta, técnica e equilibrada. Inclusive, já assumiram o compromisso de comparecer perante às autoridades investigantes, o que se dará muito em breve, em data já agendada", finalizam. 

Dino pede imagens à Itália

Através das redes sociais, o ministro da Justiça, Flávio Dino, classificou o comportamento dos bolsonaristas contra o ministro do STF como "criminoso"

"Até quando essa gente extremista vai agredir agentes públicos, em locais públicos, mesmo quando acompanhados de suas famílias? Comportamento criminoso de quem acha que pode fazer qualquer coisa por ter dinheiro no bolso. Querem ser 'elite' mas não tem a educação mais elementar", escreveu no sábado (15). 

Nesta segunda-feira (17), Dino revelou ao portal G1 que a PF já solicitou formalmente às autoridades italianas as imagens do circuito interno do Aeroporto de Roma no dia do ataque, e que as mesmas devem chegar até sexta-feira (21). 

"A PF, com isenção e caráter técnico, vai ouvir todas as pessoas. É necessário que haja isto para que haja uma resposta legal para este fato. E também prevenção, para que outras pessoas não se sintam animadas a prosseguir nessa vereda reprovável de agressões em locais públicos", declarou. 

"Fizemos os pedidos de colaboração, formalizamos, e agora vamos esperar a resposta da contraparte italiana. É uma praxe que haja essa cooperação policial e jurídica, e temos a firme convicção de que haverá essa cooperação por parte da Itália, inclusive porque há acordos vigentes para que haja colaboração para punir crimes", disse ainda.