PASQUALE

Língua de Trapo volta às raízes com “Pasquale”, o pai da “Concheta”

Banda paulistana conhecida pelo seu humor lança um single impagável e retoma sua melhor forma

Língua de Trapo.Créditos: Divulgação
Escrito en OPINIÃO el

Entrou no ar nesta terça-feira (11) nas plataformas de música por demanda o single “Pasquale”, da banda paulistana Língua de Trapo. Com ela, o grupo que ganhou expressão na década de 80, volta às raízes italianas e retoma sua melhor forma. De acordo com informações pra lá de suspeitas do release, o personagem central da canção seria o pai da “Concheta”, uma das canções mais conhecidas da banda.

Se non è vero, è molto ben trovato, mas o fato é que a divertida tarantela volta a fazer troça – e mais uma vez muito bem feita – com a influência italiana na capital paulista, especialmente nos bairros do Brás, Bexiga e Barrafunda.

Desta vez, na canção composta por Carlos Castelo e Wagner Amorosino e mais uma vez brilhantemente interpretada por Laert Sarrumor, o protagonista Vitório Pasquale amaldiçoa sua existência por ter saído da Itália e vindo parar no Brasil:

La mia mamma berrava: “imbecile”!

Ficca en Italia, no va a Brasile

Ma io, questo maledeto mulo

Viaggei p’resti paese fancullo

O insistente refrão, repete o mea culpa várias vezes no decorrer da interpretação:

Oggi oglio migna crassia suciale

I digo: vucê é um troxa, Pasquale 

E não adianta o caro leitor procurar a tradução da letra no Google Tradutor, pois será uma perda de tempo.

A canção, escrita no dialeto falado pela colônia italiana em São Paulo, foi lançada nesta data para homenagear o aniversário do poeta Juó Bananère, pseudônimo usado pelo escritor sátiro Alexandre Ribeiro Marcondes Machado.

As aventuras de Pasquale pelo Brasil são impagáveis. E Laert consegue, com sua eterna verve tragicômica, arrancar o melhor da canção. Toda a atmosfera é completada de maneira hilária pelo ótimo arranjo de Sérgio Gama e a excelente execução dos músicos.

Mais do que todos os ótimos lançamentos anteriores do Língua de Trapo, “Pasquale” parece ser mesmo uma volta da banda ao que ela tem de melhor: o auto deboche, a capacidade de rir de si própria com inteligência e, ao mesmo tempo, com a herança da pureza dos grandes humoristas da primeira metade do século passado.

Não à toa, alguns de seus principais membros se mantém na ativa, não só com a banda, mas também com várias atividades, sempre renovando o humor paulistano. Laert, entre outros integrantes, fazem, por exemplo, a Rádio Matraca, no ar há décadas, atualmente de volta à Rádio USP. Carlos Castelo, além das letras do Língua, escreve artigos impagáveis, inclusive nesta Fórum.

“Pasquale” é mais um ótimo exemplar da originalidade da banda. Uma engraçadíssima canção que deve, mais uma vez, revitalizar a longeva carreira deste que é um dos melhores grupos no gênero do país.