A população do Irã foi orientada pela TV estatal do país a apagar dos celulares o aplicativo do WhatsApp, utilizado amplamente para comunicação instantânea.
O governo do Irã suspeita que o dono do aplicativo, o magnata Mark Elliot Zuckerberg, controlador da Meta, colabore com os serviços de inteligência dos Estados Unidos e, portanto, de Israel.
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De acordo com a suspeita, o WhatsApp poderia dar à inteligência de Israel a localização de seus usuários durante o envio de mensagens.
Quando esteve no Irã, de 1 a 8 de junho, a reportagem da Fórum testemunhou que o WhatsApp é utilizado até mesmo por assessores de médio escalão ligados direta ou indiretamente ao governo local.
O Irã tem seus próprios aplicativos. Através do recurso da VPN, iranianos acessam e postam em redes ocidentais, especialmente no Instagram.
Assassinato levantou suspeita
Em 31 de julho do ano passado, em Teerã, Israel assassinou o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em uma residência oficial, horas depois dele ter participado da posse do novo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian.
Em entrevistas posteriores, o filho dele, Abdul Salam, disse que o pai era usuário do WhatsApp:
Meu pai usava o WhatsApp regularmente para manter contato com nossa família. Com base nisso, não foi difícil localizá-lo. Alguns [meios de comunicação] têm falado sobre uma enorme lacuna de segurança [no Irã] ou infiltração.
O diário iraniano Teerã Times já na época levantou dúvidas sobre o WhatsApp: "O conglomerado de tecnologia Meta, dono do WhatsApp, tem sido criticado por facilitar a campanha de propaganda de Israel e reprimir as vozes palestinas que protestam contra o genocídio em curso em Gaza [...] Alguns relatos sugerem que a Meta tem trabalhado em estreita cooperação com o governo estadunidense para ajudar a identificar alvos procurados por Israel".
Blecaute contra sabotagem?
Os serviços de internet no Irã enfrentam instabilidade. É impossível determinar se um blecaute foi determinado pelo governo ou se é consequência de ciberataques de Israel.
De acordo com a agência IRNA:
O inimigo israelense lançou extensos ataques cibernéticos contra a rede bancária do Irã na terça-feira, a maioria dos quais foi repelida; mas isso levou à interrupção da prestação de serviços em dois bancos no país.
O site Netblocks, que monitora a internet, sustenta que o blecaute foi imposto pelo governo: "Já se passaram 24 horas desde que o Irã impôs um bloqueio nacional da internet; o incidente de apagão em curso é o mais grave registrado desde os protestos de novembro de 2019 e afeta a capacidade do público de permanecer conectado em um momento em que as comunicações são vitais".
Os protestos de 2019, incentivados através de redes sociais, inclusive do Exterior, se relacionam a manifestações de mulheres contra o uso obrigatório do hijab e violência policial.
Assassinatos e carros bomba
Desde o início do conflito, Israel demonstrou grande capacidade de assassinar lideranças militares do Irã em prédios civis, além de promover a explosão de carros bomba em Teerã.
A comunicação instantânea é essencial também para atos de sabotagem e transmissão de informações sobre alvos em movimento.
A maioria dos 224 mortos em Teerã desde que Israel iniciou o conflito é de civis. Israel contabiliza 24 mortos. Não há como confirmar os números, uma vez que os dois governos também estão envolvidos em uma guerra de propaganda.
De acordo com a TV estatal iraniana, o WhatsApp e o Instagram:
estão coletando informações sobre indivíduos e fornecendo ao inimigo sionista sua última localização conhecida e comunicações, marcadas com os nomes dos indivíduos.
A Meta negou. Em nota, disse que "as mensagens que você envia para familiares e amigos no WhatsApp são criptografadas de ponta a ponta, o que significa que ninguém, exceto o remetente e o destinatário, tem acesso a essas mensagens, nem mesmo o WhatsApp".