"GOT BACK" E "THE ERAS TOUR"

Paul McCartney ou Taylor Swift: dá pra comparar as duas maiores turnês no país neste ano?

Considerados os dois maiores shows em recorde de público, polêmicas e momentos históricos também marcaram as apresentações

Paul McCartney e Taylor Swift fizeram shows em novembro e dezembro.Créditos: Reprodução/Taylor Swift/Instagram e Marcos Hermes/Divulgação
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Pelo menos duas turnês internacionais eram as mais esperadas este ano em território brasileiro: a do ex-beatle Paul McCartney e da cantora americana Taylor Swift. Uma seguida da outra em clima de fim de ano, as turnês “Got Back” e “The Eras Tour” foram escolhidas pelos músicos para serem encerradas no Brasil, além de contarem com a maior quantidade de fãs no Rio de Janeiro. Com o Maracanã lotado, Paul acumulou a presença de mais de 66 mil pessoas e Taylor Swift, em torno de 60 mil.

Apesar de recentemente levar o prêmio de pessoa mais influente do mundo, a “Personalidade do Ano” pela revista americana Time, realizar uma turnê em diversos países, tornar-se a segunda mulher bilionária mais rica do planeta em pouco tempo na lista da Forbes em junho, estourar nas plataformas digitais de música e angariar bilhões de jovens, Taylor Swift era até então uma cantora pouco conhecida por outros públicos antes de 2023, tendo sua última influência mais lembrada nos anos de 2012 ou 2014. Fato destacado até pela revista Billboard, que revelou o aumento de sua popularidade após o lançamento de um álbum chamado “1989 Taylor’s Version”, a data de nascimento da artista.

Mesmo com todas alturas de reconhecimento possíveis na cultura pop, críticos veem que a cantora na verdade não inovou tanto assim e que o que a ajudou a ganhar fama tão rapidamente foi o uso de estratégias de marketing no lançamento do single, uma vez que suas músicas revelam um tom simples, que qualquer cantora conseguiria fazer, sem uma profundidade contextual. Como destacado até pela colunista Carol Prado, do g1, em novembro deste ano, Taylor tem “músicas que soam como um monte de palavras amontoadas em arranjos pop genéricos”.

A volta de um beatle

Do outro lado, embora a comparação seja pouco justa dada as diferenças históricas, é possível perceber que mesmo assim a grandiosidade de Paul McCartney se mantém de pé, sem decaídas, ainda levando o nome de uma banda que passou por mais de duas/três gerações, já que estamos discutindo artistas que balançam a humanidade. Em 1990, o show do ex-beatle de há 20 e poucos anos no Rio de Janeiro era tímido, abrindo a primeira música com "Figure of eight", canção do álbum "Flowers in the dirt". Trinta e três anos depois, Paul McCartney volta com sua majestade para a cidade e mostra que o tempo só aumentou sua importância. É como se os Beatles tivessem de alguma forma ressuscitado.

Este foi um ano peculiar para Paul. Os Beatles anunciaram o lançamento da música "Now and Then", que foi finalizada mais de 40 anos após o início de sua gravação. Considerada "a última música dos Beatles", a canção teve sua versão final de fato desenvolvida e trabalhada pelos quatro integrantes, mas em tempos diferentes. John Lennon escreveu e cantou, George Harrison fez o solo e Paul McCartney e Ringo foram os responsáveis pela finalização da canção. Através da inteligência artificial, os dois beatles conseguiram limpar a voz de John Lennon e trazer a canção de volta para ser lançada.

Controvérsias e diferentes gerações

Várias adversidades, quer seja pelo acaso ou não, começaram a surgir para Taylor Swift no primeiro dia de show. Ocorreram duas tragédias envolvendo fãs da cantora no Rio, repercutidas em todo o país: Ana Clara Benevides, de 23 anos, morreu após passar mal no Engenhão. As causas do ocorrido ainda estão sob investigação, a mais aceita foi a das altas temperaturas da onda de calor no Rio. Outro fã, Gabriel Mongenot, de 25 anos, nem teve a oportunidade de assistir ao show de Taylor Swift. Portador de ingresso para o segundo dia de apresentação, ele foi vítima de um assalto à faca nas areias da Praia de Copacabana, durante a madrugada. 

Além do salto quebrar no meio do palco, precisar jogar água para o público, ter seus carros da comitiva apreendidos, entre tantas outras polêmicas, a cantora mostrou a preocupação maior com a manutenção de sua imagem: não concedeu nenhuma entrevista para os veículos de comunicação brasileiros e não se posicionou firmemente em relação aos ocorridos

Um fato curioso também foi a presença de uma maior quantidade de filhos, avôs e netos no show do Paul McCartney e de jovens no show de Taylor Swift. Quebrando padrões, o show de Paul McCartney mostrou que todos podem aproveitar um bom show e que os Beatles não se perderam tanto no tempo assim como todos acham. Embora os seus shows apresentem uma certa “fórmula”, ela sempre funciona. A verdade é que música e cantor bons não tem prazo de validade. Ao usar várias gírias de diferentes regiões do país, abraçar as culturas, atender a pedidos da plateia e mostrar que está lá pelos fãs, interagindo com eles, Paul acabou fazendo uma grande contraposição à Taylor.