OPINIÃO

Friends, a reunião, 17 anos, depois é comovente e tão boa quanto a série

“Friends: The Reunion”, à disposição na HBO Max, mostra o reencontro do elenco e se torna ainda mais emocionante após a morte de Matthew Perry

Friends: the Reunion.Créditos: Warner Media/Divulgação
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Se você é um daqueles ETs que nunca viu a série Friends”, tudo bem. Se já viu, bom. Se é fã, melhor ainda. O especial “Friends: The Reunion” serve para qualquer um dos casos. Trata-se de um filme com 1:44m de duração em que os protagonistas se reencontram em 2021, 17 anos após o final da série.

O especial é conduzido pelo multiartista James Corden, uma espécie de Jô Soares britânico com vários talentos, entre eles uma capacidade extremamente simpática e bem-humorada de conduzir seus shows. Um vídeo em que o ex-Beatle Paul McCartney conta pra ele como fez a canção “Let It Be”, enquanto os dois passeiam de carro, viralizou mundo afora.

Assim que os friends entram no cenário reconstruído dos apartamentos vizinhos onde eles moravam, uma tensão natural se estabelece. Nas primeiras cenas, Jennifer Aniston, Courteney Cox, Lisa Kudrow, Matt LeBlanc, Matthew Perry e David Schwimmer chegam aos poucos ao local e se mostram muito emocionados.

Em uma das primeiras piadas espontâneas, Aniston diz que tudo parece menor pra ela, o que é impossível, pois eles não cresceram. Matt LeBlanc, de cabelos grisalhos e visivelmente mais forte, responde: “fale por você”.

Em um outro local, diante de uma plateia, Corden conduz entrevistas engraçadíssimas. Em uma delas, Schwimmer confessa que ele e Aniston tinham de fato uma atração mútua, mas que nunca foi consumada. Mais uma vez, LeBlanc entra em ação: “mentira”. À medida em que as conversas transcorrem, surgem atores coadjuvantes na plateia que participaram em vários momentos da série.

Entrevistas e depoimentos

O programa apresenta entrevistas com os roteiristas, diretores e produtores da série. Eles contam como escolheram cada um dos atores e, mais do que isso, que cada um deles tinha muito das características do personagem. Revela, por exemplo, que, assim como o brasileiro “Sai de Baixo”, a maior parte do show era feito ao vivo, com plateia. Neste momento, Matthew Perry revela que sentia calafrios quando as piadas não funcionavam e que isso foi uma fonte de sofrimento para ele.

Além disso, todos os artistas envolvidos demonstram a total surpresa com o estrondoso sucesso que a série passou a fazer. Os atores, assim como os Beatles, não podiam mais sair nas ruas sem causar confusão. Da noite para o dia, eles viraram capas de todas as revistas mais importantes do mundo, entre elas a Rolling Stone, que sempre foi especializada em música, mas abriu uma exceção para eles.

Depressão e solidão

São mostrados depoimentos de pessoas que sofriam de depressão, solidão, fobia social, mas que foram salvas pelo programa. Um deles chega a afirmar: “eu, que não tinha ninguém, de repente ganhei vários amigos”.

No final, assim que é filmada a última cena, em que cada um deles deixa a chave do apartamento da Mônica, todos saem pelo corredor e a série, após 236 episódios, termina. Desta vez, no entanto, é mostrado ao espectador o que ocorre após o corte final: todos se abraçam e choram comovidos durante longos minutos, até voltarem para a frente da plateia, que aplaude sem parar.

Ao fim e ao cabo, “Friends: The Reunion” é comovente para os fãs e, como dito no início, serve como guia pra quem nunca viu. Mostra de maneira didática, não só o grande afeto envolvido na sua realização, como também o enorme talento dos seus realizadores. Jennifer Aniston, Courteney Cox, Lisa Kudrow, Matt LeBlanc, Matthew Perry e David Schwimmer são atores com grande formação corporal. Inspirados nos grandes nomes do cinema mudo, fazem rir e chorar com pequenos trejeitos, gestos, risos e frases curtas.

Assim como a série original, vale ver e rever.