A melhor novidade de “Hackney Diamonds”, o primeiro álbum de inéditas dos Rolling Stones desde "A Bigger Bang", de 2005, que acaba de ser lançado nesta sexta-feira (20), em todas as plataformas por demanda do planeta, é que não há nele novidade alguma.
O que se ouve, da primeira canção “Angry” – um rock básico com um poderoso riff de guitarra – até a última – a emblemática “Rolling Stone Blues”, clássico de Muddy Waters que batizou a banda – é o melhor do puro som dos Stones.
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O álbum é uma paulada do começo ao fim que pode, sem exagero algum, ser comparado aos melhores da banda. A impressão que se tem ao ouvi-lo repetidas vezes, é que os Stones foram dublados. É absolutamente difícil de acreditar que sujeitos em torno dos oitenta anos de idade consigam reproduzir tamanha energia.
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A capa de Hackney Diamonds, dos Stones
Não bastasse isso, e a farra ainda foi estendida para vários convidados contemporâneos que formam uma das maiores constelações da música pop do século XX: Paul McCartney, Stevie Wonder e Elton John. Além deles, o disco traz em seu melhor momento a cantora americana Lady Gaga, que no lindo gospel “Sweet Sounds of Heaven”, faz um dueto com Jagger de arrepiar gerações. Como se ainda fosse pouco, a faixa de longos sete minutos ainda conta com o teclado de Wonder.
Em outro momento eletrizante, os Stones recebem a visita de McCartney na canção “Bite my Head Off”. É um rock bem pesado, típico da fase áurea dos álbuns “Stick Fingers” e o excelente “Exile on Main St.”. No final, o ex-beatle faz um inusitado solo de baixo com distorção em duelo com a guitarra de Keith Richards.
MacCartney ainda indicou para a banda o produtor Andrew Watt, de 32 anos, que fez o álbum junto com Jagger, Richards e Don Watts. O novaiorquino Watt já fez álbuns com artistas completamente díspares como Justin Bieber, Post Malone, Miley Cirus e Ozzy Osbourne.
O álbum ainda conta com a participação de outros dois ex-stones. Um deles é o baterista Charlie Watts, que morreu em 2021. Ele deixou sua inconfundível batida no contratempo em "Live by the Sword" e "Mess It Up" – que também traz o piano de Elton John – as duas gravadas em 2019.
O outro Stone é o baixista Bill Wyman, membro fundador dos Stones que deixou a banda em 1993. Ele também participa em "Live by the Sword". Curiosamente, nesta faixa temos de volta uma das formações mais clássicas da banda: Mick Jagger, Keith Richards, Watts, Wyman e Ronnie Wood.
Vale destacar ainda a bela balada country “Dreamy Skies” e também “Tell me Straight”, a única cantada por Keith Richards, uma tradição que a banda preserva a cada álbum. Ao final, os Stones entregam de presente para o seu público uma ótima versão acústica, com violões e gaita, de “Rolling Stone Blues”, que soa quase como um epitáfio.
No final das contas, “Hackney Diamonds” é um álbum imperdível da maior banda de rock em atividade no planeta. De quebra, ainda traz pelos menos dois clássicos – “Angry” e “Sweet Sounds of Heaven” – que podem se juntar sem medo de fazer feio ao fabuloso hinário da banda.