Bebel Gilberto é filha de João Gilberto com Miúcha, irmã mais velha de Chico Buarque. A moça está cercada por todos os lados por alguns dos maiores gênios da nossa música popular.
Em nome de sua estirpe e brasilidade, ela não poderia jamais ter pisado na Bandeira Nacional, como fez durante show na Califórnia (EUA), na última terça-feira (19).
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A cena é horrível e tem dois lados tenebrosos. Um deles é o ato em si. Aprendi desde cedo que não se macula bandeira de país nenhum, por pior que sejam seus governantes. A bandeira é o símbolo máximo da Pátria, seu povo, suas referências e grandezas. Entre elas, diga-se de passagem, está a parentada da própria cantora. A bandeira não simboliza governo algum.
Por outro lado, sua atitude, repito aqui, horrível e sem justificativa, encheu de pólvora e ódio os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). Como ela mesma disse, arrependida, "Foi um ato impensado meu, porque se tivesse tido tempo de raciocinar teria me ocorrido que eu estava entregando de presente para a extrema-direita uma imagem com a qual poderiam destilar o seu ódio repugnante e o seu falso patriotismo - essa gente que sequestrou os símbolos nacionais e corrói a democracia brasileira com o seu projeto autoritário de poder... Foi por esse motivo que soltei o nome do inominável no meu gesto impulsivo no palco”.
Sem querer justificar a atitude da Bebel, que repito aqui, foi bisonha e triste, é bom lembrar que, de todas as formas possíveis e imaginárias, Bolsonaro tem passado todos os dias de seu mandato, pisando em nossa bandeira de maneira muito mais efetiva do que fez a cantora.
Pisa quando presta continência à bandeira americana; pisa quando destrata nossas mulheres, descuida de nossos indígenas e mede nossos negros em “arrobas”; pisa quando descuida da saúde do nosso povo e permite a morte de quase 700 mil brasileiros durante a pandemia do Coronavírus, ao insistir em oferecer medicamentos sem eficácia comprovada e insistir no fim do confinamento e do uso de máscaras; pisa ao convocar embaixadores de países estrangeiros para colocar em cheque as unas eletrônica, enfim, pisa todo o tempo e não há tempo nem espaço para enumerar todas as vezes em que ele pisa e repisa.
Bebel errou sim, em um momento e pediu desculpas.
Bolsonaro erra todo o tempo. E nunca pedirá desculpas.