A maioria dos brasileiros não suporta mais viver como estamos vivendo. A pandemia e a situação econômica, com seus reflexos sociais, são responsáveis por esse clima, ao que se agrega a saturação com o clima de ódio, agressividade, intolerância impostos pelo governo.
O nível de rejeição do Bolsonaro e do seu governo é o elemento predominante no clima político do país. A seu lado, diretamente conectado a ele, o favoritismo do Lula nas pesquisas se mantém.
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Claro que a o clima eleitoral só vai se impondo aos poucos, revelando a disposição da direita de fazer da política uma guerra por outros meios. A direita apelará para todos os instrumentos a seu alcance, intensificando os que já usa atualmente, com robôs, fake news, no limite do que o Judiciário tolerar. Tratará de retomar o antipetismo, com as velhas acusações de corrupção e outras afins. A disputa tenderá a se acirrar, no marco do favoritismo do Lula, que buscará consolidar sua posição com uma campanha de massas, valendo-se de um discurso de denúncia e responsabilidades da situação do Brasil atualmente, comparando com as conquistas nos governos do PT e dos potenciais que o país possui para sair da crise.
Frenta ampla
Lula constrói uma ampla frente, que inclui a todos os setores antibolsonaristas. O objetivo imediato é o de derrotar e tirar do governo o bolsonarismo, restaurando a democracia.
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Essa frente muito ampla inclui setores que já apoiavam o Lula e outros que aderem agora. Vários deles – entre eles, agora o empresário Ricardo Semler – que, ao expressarem sua opção de voto no Lula, concitando os empresários a se aproximarem do ex-presidente, levando os nomes de gente como o Pérsio Arida, o Pedro Malan, o Arminio Fraga.
É certo que alguns deles têm revisto suas posições francamente neoliberais do passado recente, mas todos pertencem às equipes econômicas responsáveis pelas políticas neoliberais. Se menciona também o Henrique Meirelles.
O Lula tem reafirmado definições que se chocam com o neoliberalismo: o fim do teto de gastos, uma reforma tributária que cobre impostos dos mais ricos, a revisão da reforma trabalhista, a recuperação para o Estado de empresas privatizadas, entre outras. Lula sabe que os governos do PT deram certo, atenderam as necessidades da população, recuperaram a imagem do país diante dos próprios brasileiros e no mundo, porque tiveram essas orientações, que devem ser resgatadas.
Retomar o crescimento
Um governo que permita o Brasil sair da maior crise da sua história, tem que reinstaurar a democracia, mas também retomar o crescimento da economia, gerar empregos e implementar políticas sociais de distribuição de renda.
Esse governo poderá ter uma composição ampla, com todos os setores antibolsonaristas. Mas, mesmo incluindo entre eles economistas que componham a equipe – no Banco Central, por exemplo, como nos governos anteriores do PT -, as orientações fundamentais, como se vê nas medidas enunciadas pelo Lula e pela Gleisi Hoffmann, são de caráter antineoliberal.
Porque somente com medidas desse tipo se poderá gerar empregos formais, com carteira assinada para os milhões de desempregados e para os milhões que sobrevivem na precariedade. Somente com a prioridade das políticas sociais e não dos ajustes fiscais, é que se poderá diminuir as desigualdades no país mais desigual do continente mais desigual do mundo.
Somente um governo antineoliberal pode salvar o Brasil. O retorno pleno da democracia é uma condição indispensável. Porque é ela que pode reconduzir o país na via da superação do neoliberalismo e do restabelecimento de políticas de combate às desigualdades sociais e regionais e de justiça social.