Inconformado e deprimido, Jair Bolsonaro (PL) passou os últimos 22 dias - desde o fatídico (para ele) 30 de outubro, quando foi derrotado por Lula (PT) - maquinando o que poderia ser sua cartada golpista para se perpetuar no poder e, assim, afastar por mais um tempo a possibilidade de trilhar, juntos com os filhos, um processo que pode levar todo o clã para a prisão.
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Esse, aliás, é o grande medo de Bolsonaro. Mais até do que ficar inelegível pelos próximos 8 anos, mantendo o discurso de vítima do sistema, enquanto desfruta das aposentadores e do salário no PL - tudo pago com verba pública.
No entanto, falta sustentação à nova teoria golpista, que pede a anulação dos votos de 279.336 urnas utilizadas na votação do segundo turno - justamente aquelas em que ele saiu derrotado. Até mesmo o autor do estudo técnico, o engenheiro eletrônico Carlos Rocha, admite que não houve fraude na votação e aponta apenas um problema de registro das urnas - o chamado log -, que não influencia nos votos.
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Isso mostra que a representação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pinçou uma informação do estudo pra construir uma nova teoria da conspiração para dar fôlego à tentativa golpista de Bolsonaro.
A tese golpista, no entanto, não resistiu a uma frase do ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, que em despacho de dois parágrafos determina:
"Assim, sob pena de indeferimento da inicial, deve a autora aditar a petição inicial para que o pedido abranja ambos os turnos da eleição, no prazo de 24 horas".
A frase de Moraes coloca a tese de Bolsonaro e, principalmente, o PL de Valdemar da Costa Neto, em xeque.
Caso não forneça as informações, o PL e Bolsonaro vão admitir que a tese foi criada com o único intento de dar um golpe. Caso apresente os dados, o PL vai contestar a formação da sua maior bancada, com 99 deputados e 8 senadores eleitos... no primeiro turno.
Na entrevista ao portal Uol, Rocha - que preside a ONG Voto Legal - admite que Bolsonaro e o PL foram atropelados ao apresentarem argumentos pífios para tentarem o golpe.
Indagado se o pedido de anulação dos votos das 279.336 urnas vai influenciar na eleição de senadores, deputados e até governadores, o engenheiro se enrola: "Posição difícil. Peguei um trabalhinho e não imaginei que iria tão... Aí, você pergunta: 'Por que não compara isso com aquilo?' Porque existe uma técnica. É como calibrar um pneu. Por que você não troca pneu com chave de fenda? Porque você precisa usar uma chave de roda".
A grande questão, no entanto, é saber como Bolsonaro e o PL trocarão o pneu com o carro na pista, próximo à bandeirada final do golpe decretada por Alexandre de Moraes. Tic Tac...