DIREITOS DAS MULHERES

Brasil sem Misoginia: pela igualdade de gênero e contra o feminicídio e a violência contra mulheres

Governo Lula lança iniciativa para enfrentar todas as formas de violências contra mulheres e desigualdades entre gêneros

Créditos: Claudio Kbene/PR - Governo Lula lança Brasil sem Misoginia para enfrentar violência contra a mulher e promover igualdade de gênero
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Promover a igualdade de gênero, combater o feminicídio e eliminar a violência doméstica e sexual em todo o país. Esses são os principais objetivos da iniciativa Brasil sem Misoginia, lançada na noite desta quarta-feira (25) pelo governo federal.

Em uma solenidade concorrida, realizada no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília (DF), o evento contou com a ampla participação de representantes do governo federal, sociedade civil, empresas e entidades. 

Durante seu discurso, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, que lidera a iniciativa, destacou que o Brasil sem Misoginia está alinhado à orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o país não pode mais tolerar que as mulheres continuem sendo mortas, discriminadas e silenciadas e que a misoginia é parte propulsora de todas as formas de violências contra mulheres e das desigualdades entre gêneros.

Brasil sem Misoginia é um chamado para a construção de um país livre de todas as formas de violência e ódio contra as mulheres, sejam elas das áreas urbanas, do campo, na floresta ou das águas, mulheres negras, indígenas, jovens, idosas, LBTs ou com deficiência. Queremos um Brasil seguro com igualdade de oportunidades e respeito para todas as mulheres.

O Ministério das Mulheres lançou uma campanha de audiovisual para divulgar o Brasil sem Misoginia.

Chega de violência contra as mulheres

A primeira-dama, Janja Lula da Silva, também participou do evento e considerou a iniciativa um marco no governo atual. Ela destacou que é hora de as mulheres se unirem e expressarem sua determinação em não tolerar mais a violência e a misoginia. 

Janja, que já foi vítima de ódio e agressões online, expressou a importância do Brasil sem Misoginia.

Nós vamos falar e falar alto, mas também chamamos os homens para se responsabilizarem nessa jornada. Eles também precisam se posicionar. Não é aceitável que, no século 21, tenhamos que pedir aos homens que não sejam violentos, que não agridam e que não compartilhem absurdos e mentiras nas redes sociais.

A primeira-dama compartilhou trecho da sua participação no evento pelas redes sociais. 

Claudio Kbene/PR - Janja e Cida Gonçalves no lançamento da iniciativa Brasil sem Misoginia. 

Enfrentamento à violência on-line

A campanha desenvolverá ações junto com Google, Facebook, Meta e Youtube para combater o discurso de ódio e s exposição, por meio da divulgação de fotos íntimas e falsas, de mulheres nas redes sociais. 

Dados da organização não governamental (ONG) Safernet apontam aumento de 251% das denúncias de discurso de ódio contra as mulheres na internet em 2022, contra alta de 61% em denúncias de discurso de ódio de outras naturezas. 

Adesão da sociedade

Claudio Kbene/PR - Lançamento da iniciativa Brasil sem Misoginia

Mais de 100 instituições e empresas se comprometeram a apoiar a iniciativa ao assinarem termos de adesão durante a cerimônia de lançamento do Brasil sem Misoginia.

Para estimular ainda mais a ação, os ministérios dos Transportes e da Cultura também firmaram protocolos de intenção para apresentar a iniciativa às concessionárias, agências reguladoras e empresas públicas sob sua jurisdição, além de mapear ações em andamento para enfrentar a misoginia.

Claudio Kbene/PR - Margareth Menezes e Cida Gonçalves no lançamento da iniciativa Brasil sem Misoginia. 

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, fez uma fala contra a cultura do desarmamento.

É essencial criar uma estrutura em que a palavra seja a maior arma. Não existe democracia com o uso de armas de fogo. O Brasil precisa confrontar seu passado e buscar reparação por meio do diálogo.

Já o ministro dos Transportes, Renan Filho, destacou a relevância da iniciativa para o seu ministério e expressou o compromisso de inserir mais mulheres no mercado de trabalho e promover a igualdade de direitos.

Para a representante da ONU Mulheres no Brasil, Ana Carolina Quirino, as ações devem buscar as mudanças nas normas sociais, que hoje permitem a perpetuação da violência contra a mulher nos espaços públicos e privados. 

Quatro motivos para apoiar o Brasil sem Misoginia

1. Prevenir feminicídios, violência doméstica e violência sexual

  • A cada dia, 673 mulheres registram boletim de ocorrência por agressões em contexto de violência doméstica no país;

  • Cerca de 1,4 mil mulheres foram mortas no Brasil em 2022 pelo fato de serem mulheres. É o maior número registrado desde 2015. 
     
  • Mais de 74 mil estupros foram registrados em 2022; 6 em cada 10 vítimas tinham até 13 anos.

Fonte: Fórum Brasileiro de Segurança Pública

2. Apoiar mulheres em espaços de poder e de decisão

  • Apesar de as mulheres representarem 53% do eleitorado, ocupam apenas 17,7% da Câmara dos Deputados e 12,3% do Senado Federal;
     
  • Em 958 cidades não tivemos nenhuma vereadora eleita em 2020. 

Fonte: TSE e Censo das Prefeitas Brasileiras - Instituto Alziras.

3. Combater a violência online contra as mulheres

  • Na internet, a misoginia tem sido reproduzida principalmente por grupos que acreditam na suposta “superioridade masculina”.
     
  • Canais que pregam isso já alcançam, ao menos, 8 milhões de seguidores e são pagos por anúncios nas plataformas do Youtube e TikTok. 

Fonte: Aos Fatos

4. Promover um ambiente de trabalho livre de discriminações

  • Mulheres recebem 22% a menos que os homens. A diferença é ainda maior quando são considerados somente cargos de gerência e diretoria: elas ganham apenas 61,9% do rendimentos deles.
     
  • Mulheres negras recebem, em média, menos da metade do salário de homens brancos (46%).

Fonte: IBGE