ERA TRUMP 2

O Conto de Aia? Roupa de Melania Trump chama atenção em funeral de Jimmy Carter

Roupa escolhida pela futura primeira-dama dos EUA remete ao figurino da obra literária distópica adaptada para série televisiva

O Conto de Aia? Roupa de Melania Trump chama atenção em funeral de Jimmy Carter.Roupa escolhida pela futura primeira-dama dos EUA remete ao figurino da obra literária distópica adaptada para série televisivaCréditos: Fotomontagem (Reprodução X e divulgação Hulu)
Escrito en MODA E POLÍTICA el

A futura primeira-dama dos EUA, Melania Trump, de 54 anos, retornou a Washington D.C. nesta quinta-feira (9) para acompanhar seu marido, o presidente eleito Donald Trump, no funeral de Estado do ex-presidente Jimmy Carter

A cerimônia foi realizada na Catedral Nacional e contou com a presença de ex-presidentes e líderes políticos dos Estados Unidos.

A roupa escolhida pela também ex primeira-dama chamou atenção. Ela optou por um vestido trench preto da coleção de outono 2019 da Valentino, com uma gola branca oversized que trazia uma estampa abstrata em preto e branco, representando uma escultura neoclássica de amantes se beijando, acompanhados de rosas e borboletas.

Ela usou joias discretas e completou o visual com clássicos sapatos pretos de salto alto da Manolo Blahnik.

O cabelo longo de Melania, que alguns especulam ser extensão, estava preso em um coque para compor o visual sóbrio. Ela é conhecida pela preferência por marcas de alto padrão como Versace, Alexander McQueen e Dolce & Gabbana.

A escolha dividiu opiniões. Alguns admiraram o traje pelo simbolismo e elegância, enquanto outros foram mais críticos. 

Alguns usuários compararam a gola oversized a roupas de freiras e peregrinas. Um comentário irônico dizia: "Parece que Melania visitou a loja de freiras antes do evento."

Outros compararam os trajes de Melania ao figurino de personagens da série The Handmaid's Tale.

Paralelo entre o legado de Trump e The Handmaid’s Tale

A associação entre a roupa de Melania e a distopia desenhada por The Handmaid’s Tale faz todo o sentido. O legado do primeiro mandato do marido dela e as perspectivas de sua nova administração, a começar em 20 de janeiro, suscitam debates sobre direitos civis, políticas autoritárias e a centralização do poder, temas que ressoam fortemente com os elementos apresentados nessa história. 

Embora o mundo real não reflita os extremos distópicos de Gilead, existem paralelos que podem ser traçados entre certas políticas e discursos da administração Trump e a narrativa da obra de Margaret Atwood.

O legado de Trump

No universo do O Conto de Aia, The Handmaid’s Tale no original, as mulheres são privadas de autonomia sobre seus corpos, sendo usadas como instrumentos reprodutivos em uma sociedade patriarcal teocrática.

Durante o primeiro mandato de Trump, houve um aumento na retórica e nas políticas que restringem os direitos reprodutivos das mulheres nos Estados Unidos.

Na primeira passagem pela Casa Branca, o extremista de direita deu apoio à nomeação de juízes conservadores à Suprema Corte, incluindo Brett Kavanaugh e Amy Coney Barrett, que fortaleceram uma maioria pró-vida.

Naquele período, houve a reversão de proteções federais relacionadas ao acesso ao aborto, incluindo o restabelecimento da Global Gag Rule, que proíbe o financiamento a organizações internacionais que realizam ou promovem o aborto.

Trump também apoiou a derrubada de Roe v. Wade, culminando em uma onda de legislações estaduais que restringem o aborto.

Na nova era Trump, as perspectivas são mais obscuras ainda. Espera-se que a sua nova administração continue a promoção de políticas reacionárias em relação ao aborto e aos direitos reprodutivos para ampliar a influência sobre os estados para implementar restrições ainda mais severas.

Supressão de direitos e minorias

Em Gilead, o controle sobre a população é exercido por meio da supressão de minorias e do uso de religião como base para justificar desigualdades. 

Durante o primeiro mandato de Trump, as comunidades LGBTQIA+, imigrantes e outros grupos minoritários enfrentaram desafios significativos devido a políticas discriminatórias.

Houve a tentativa de banir pessoas transgênero das Forças Armadas, reforço de políticas de imigração severas, incluindo a separação de famílias na fronteira, além da retirada de proteções para estudantes transgêneros em escolas públicas.

A continuidade dessas políticas é uma preocupação, especialmente considerando o discurso retórico de Trump que frequentemente enfatiza uma "ordem moral" e uma "América tradicional".

Centralização do poder e desconfiança nas instituições

O regime de Gilead é marcado pela centralização extrema do poder e pela desconfiança em relação às instituições democráticas e à imprensa, temas que também emergiram durante o governo Trump.

No primeiro mandato, Trump rotulou a mídia como "inimiga do povo" e buscou minar a credibilidade de instituições como o FBI e o Departamento de Justiça. 

A primeira passagem de Trump pela Casa Branca também marcada por tentativas de questionar os resultados eleitorais em 2020 refletiram uma postura que alguns críticos chamam de autoritária.

A retórica de Trump em relação à desinformação e ao reforço do controle político sobre órgãos do governo pode intensificar-se, com possíveis implicações para o Estado de Direito e a liberdade de imprensa.

Resiliência e resistência

Assim como em The Handmaid’s Tale, onde as mulheres encontram formas de resistir e lutar contra o regime opressor, os últimos anos nos Estados Unidos testemunharam um aumento na mobilização popular e no ativismo em defesa dos direitos civis.

A Marcha das Mulheres, iniciada em 2017, tornou-se um símbolo de oposição às políticas de Trump. Movimentos como o Black Lives Matter ganharam força e chamaram atenção para desigualdades raciais e injustiças sistêmicas.

Nesse novo mandato do republicano, organizações e comunidades devem continuar a desempenhar um papel crucial na proteção dos direitos civis e na oposição a possíveis retrocessos sob a nova administração.

Roupas das mulheres de The Handmaid's Tale 

Divulgação Hulu

Os trajes femininos da série The Handmaid's Tale são cuidadosamente projetados para refletir os temas centrais de opressão, controle e hierarquia social da República de Gilead, um regime totalitário fictício que submete as mulheres a papéis rígidos e repressivos.

Trajes das Aias (Handmaids)

Divulgação Hulu - As aias

As aias, protagonistas da série, usam vestidos longos e vermelhos, com mantos e toucas brancas. Esses trajes das aias tornaram-se símbolos de resistência feminista em protestos ao redor do mundo. 

A série ganhou destaque em um contexto de debates sobre direitos das mulheres e autoritarismo, tornando-se uma reflexão poderosa e contemporânea sobre liberdade e opressão.

Esses trajes carregam significados simbólicos profundos:

  • Cor vermelha: Representa fertilidade e sangue, refletindo o papel das aias como reprodutoras forçadas.
     
  • Tocas brancas: Conhecidas como "asas", servem para limitar a visão periférica das aias, simbolizando a vigilância constante e o isolamento.
     
  • Modelo conservador: Os vestidos cobrem o corpo inteiro, simbolizando a perda de individualidade e sexualidade.

Trajes das Esposas

Divulgação Hulu - As esposas

As esposas, que ocupam o topo da hierarquia feminina em Gilead, usam vestidos longos e verdes:

  • Cor verde: Associada à pureza e fertilidade, mas em um contexto de privilégio e autoridade.
     
  • Estilo elegante: Embora conservadores, os trajes das esposas são mais refinados, indicando seu status superior.

Trajes das Martas

Divulgação Hulu - As Martas

As Martas, encarregadas de tarefas domésticas, vestem roupas cinzas ou esverdeadas:

  • Cor neutra: Reflete seu papel funcional e sem importância social no sistema de Gilead.
     
  • Praticidade: O design é simples e funcional, apropriado para trabalho doméstico.

Trajes das Tias

Divulgação Hulu - As Tias

As Tias, responsáveis por supervisionar e "treinar" as aias, vestem marrons:

  • Cor marrom: Representa autoridade e conformidade.
     
  • Design autoritário: O estilo rígido reflete sua posição como disciplinadoras do sistema.

Significado dos Trajes

Os trajes em The Handmaid's Tale são uma ferramenta narrativa poderosa, reforçando:

  • Controle e hierarquia: Cada cor e estilo identifica imediatamente a posição e o papel de uma mulher em Gilead.
     
  • Despersonalização: As roupas eliminam a individualidade, reduzindo as mulheres a funções específicas no regime.
     
  • Submissão e resistência: Embora os trajes simbolizem submissão, também se tornam símbolos de resistência ao longo da série, especialmente quando as aias desafiam as regras usando as próprias roupas.

Esses trajes são um elemento central da série, ajudando a transmitir visualmente a brutalidade e os mecanismos de opressão de Gilead, enquanto servem como um lembrete constante da luta por liberdade e identidade.

O livro e a série

A série (Hulu) e o Livro (Amazon)

The Handmaid's Tale (O Conto da Aia) é um romance distópico escrito pela autora canadense Margaret Atwood, publicado em 1985. A história se passa em Gilead, um regime totalitário que substituiu os Estados Unidos e onde as mulheres são brutalmente subjugadas.

A narrativa acompanha Offred, uma das "aias" de Gilead, que são mulheres forçadas a conceber filhos para a elite governante devido à infertilidade generalizada. O livro explora temas como opressão, controle sobre os corpos femininos, religião e poder.

Atwood descreveu o romance como uma "ficção especulativa", pois ele utiliza apenas práticas ou sistemas que já ocorreram em algum momento na história. O impacto de The Handmaid's Tale foi profundo, tornando-se uma obra obrigatória em estudos literários e um alerta sobre os perigos de regimes autoritários.

Em 2017, The Handmaid's Tale foi adaptada para uma série pela Hulu, estrelando Elisabeth Moss no papel de Offred (ou June Osborne, como é conhecida na adaptação). A série expandiu o universo do livro, explorando personagens secundários e eventos além do romance original.

A trama principal segue a mesma linha do livro, mas aprofunda os detalhes do regime de Gilead e a resistência crescente contra ele. Offred luta para sobreviver enquanto busca sua filha e tenta derrubar o sistema que a oprime.

Temas centrais da história

  • Controle sobre o corpo feminino - O regime de Gilead utiliza as aias como ferramentas reprodutivas, desumanizando-as e eliminando sua autonomia.
     
  • Religião como ferramenta de poder - A teocracia de Gilead usa interpretações distorcidas de textos religiosos para justificar suas atrocidades.
     
  • Resistência e solidariedade - Offred e outras mulheres encontram formas de resistir ao regime, mostrando a força da solidariedade em tempos de opressão.

O funeral de Carter

Além do traje da futura primeira-dama, a interação de outros líderes políticos com o casal Trump também chamou atenção. Karen Pence, esposa do ex-vice-presidente Mike Pence, evitou contato direto com Donald e Melania. Em contraste, Mike Pence cumprimentou os dois, apesar de críticas recentes feitas em seu livro de memórias, "So Help Me God", onde afirmou que Trump colocou sua família em risco durante os eventos de 6 de janeiro.

Outra situação chamativa envolveu a vice-presidenta Kamala Harris, que, ao se sentar à frente de Donald Trump, evitou qualquer tipo de interação visual. Usuários nas redes sociais comentaram: “Trump continuava a olhar para Kamala, mas ela nem sequer o reconheceu.”

Declarações polêmicas sobre Jimmy Carter

O evento ocorreu poucos dias após Donald Trump criticar o legado de Jimmy Carter em relação ao Canal do Panamá. Em uma coletiva de imprensa, o presidente eleito afirmou:

“Jimmy Carter deu o canal para eles por US$ 1 e eles deveriam nos tratar bem. Foi a estrutura mais cara já construída na história do nosso país, e achei isso terrível.”

A crítica veio enquanto o corpo do ex-presidente, que faleceu em 29 de dezembro aos 100 anos, era transportado de Atlanta para o Capitólio dos Estados Unidos.

Apesar das polêmicas, a cerimônia foi marcada por discursos emocionantes e um raro encontro de ex-presidentes e líderes políticos em homenagem ao legado de Jimmy Carter.

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