A escolha de vestuário de Ivanka Trump na cerimônia de posse de Donald Trump, que assumiu seu segundo mandato como 47º presidente dos Estados Unidos nesta segunda-feira (20), gerou comparações imediatas nas redes sociais com os trajes usados pelas esposas na série distópica The Handmaid’s Tale (O Conto da Aia).
Antes de seguir para o Capitólio dos Estados Unidos, Ivanka, de 43 anos, foi fotografada ao lado de seus filhos — Arabella, de 13 anos, Joseph, de 10, e Theodore, de 8 — enquanto chegava à Igreja de St. John.
Te podría interesar
A filha do presidente usava um conjunto monocromático em verde-esmeralda, composto por um macacão ajustado e um casaco de manga longa com bainha assimétrica, envolto por um cinto marcando a cintura. Para completar o visual, Ivanka optou por um chapéu ascot verde preso de lado na cabeça e uma bolsa Lady Dior preta.
O traje rapidamente chamou a atenção do público online, com muitas pessoas comparando o visual ao da personagem Serena Joy, interpretada por Yvonne Strahovski na série.
Te podría interesar
Serena é conhecida por seus trajes formais e conservadores, frequentemente em tons de verde, que simbolizam sua posição na hierarquia da fictícia sociedade de Gilead.
No Instagram, a popular conta de moda @dietprada, que conta com mais de 3,4 milhões de seguidores, compartilhou um carrossel de imagens de Ivanka lado a lado com as personagens da série, intensificando os comentários sobre a semelhança.
República Estadunidense de Gilead
O Conto de Aia parece ser o livro de cabeceira da família Trump e serve de inspiração para os guarda-roupas das mulheres do clã.
No último dia 9 de janeiro, durante o funeral do ex-presidente Jimmy Carter, o figurino da primeira-dama Melania Trump, também foi associado aos de personagens da série The Handmaid's Tale.
LEIA TAMBÉM: O Conto de Aia? Roupa de Melania Trump chama atenção em funeral de Jimmy Carter
Logo no primeiro dia do segundo mandato como 47º presidente dos Estados Unidos, Trump já disse a que veio: aniquilar de vez os direitos reprodutivos e a equidade de gênero. Tal qual na distopia de Gilead criada pela autora Margaret Atwood.
A “terra da liberdade”, auto-intitulada a “maior democracia do mundo” corre sério risco de se transformar em uma sociedade autoritária onde as mulheres são subordinadas e privadas de direitos básicos, especialmente no que diz respeito ao controle sobre seus próprios corpos.
Medidas dignas de Gilead
Nas primeiras horas de volta à Casa Branca, Trump assinou uma série de ordens executivas que intensificaram as preocupações de grupos feministas e organizações de direitos humanos
Eliminação de mandatos de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI)
Trump anunciou a revogação de políticas federais que exigiam programas de diversidade e inclusão em agências públicas e contratantes do governo. Essas medidas, anteriormente vistas como uma tentativa de ampliar a igualdade no ambiente de trabalho, foram descartadas sob o argumento de combater a "doutrinação ideológica".
Definição estrita de gênero
Outra ordem executiva anunciou que o governo federal reconhecerá apenas dois gêneros: masculino e feminino. A medida é vista como um retrocesso nos direitos das pessoas transgênero e uma tentativa de apagar avanços obtidos em administrações anteriores no reconhecimento de identidades de gênero diversas.
Revisão de direitos reprodutivos
Embora ainda não tenha anunciado uma política concreta sobre o aborto, fontes próximas à Casa Branca indicaram que Trump planeja apoiar legislações estaduais mais restritivas, reforçando sua posição antiaborto, frequentemente defendida em seu primeiro mandato.
O Conto da Aia além de uma metáfora
A narrativa de O Conto da Aia serve como uma crítica aos retrocessos sociais e políticos que resultam na perda de direitos, especialmente para as mulheres.
Na fictícia Gilead, o controle do corpo feminino é central ao regime autoritário, um eco que muitos críticos enxergam nas recentes políticas de Trump.
O visual de Ivanka Trump durante a posse, comparado ao figurino da personagem Serena Joy, reforçou essas associações.
Serena é uma figura de poder dentro de Gilead, mas também uma cúmplice das políticas opressoras, o que intensifica as interpretações simbólicas das escolhas estéticas e políticas do clã Trump.
Organizações de defesa dos direitos humanos e ativistas têm criticado duramente as medidas de Trump, alertando para a erosão de direitos civis e liberdades individuais.
Grupos feministas, em particular, destacam que as ordens executivas sinalizam uma guinada conservadora que ameaça décadas de avanços.
O segundo mandato de Trump, ainda em seus primeiros dias, já se configura como um terreno fértil para debates culturais e sociais.
As analogias com O Conto da Aia podem continuar a crescer, especialmente à medida que o governo avança em uma agenda que reforça a desigualdade e centraliza o poder.
“Par de jarra” bolsonarista
Tudo leva a crer que o verde-submissão de Ivanka ditou a nova tendência de cor para as mulheres da extrema direita.
Mesmo não tendo sido convidadas para a cerimônia de posse, realizada na Rotunda do Capitólio, em Washington D.C, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e a mulher do deputado federal Eduardo Bolsonaro, Heloísa Bolsonaro, se emperiquitaram para assistir ao evento pela televisão.
Ambas simularam um "par de jarra”, trajando peças praticamente idênticas: vestido com ombros de fora em veludo cristal verde-esmeralda. Horas depois, o trio do clã Bolsonaro se dirigiu ao Capital One Arena, palco de discurso e assinatura de decretos de Trump.
A jornalista Cynara Menezes, âncora do Brocou na Internet, na TV Fórum, contou sobre essa sintonia entre Michelle e Heloísa na edição de segunda-feira (20). Confira, a partir de 17 minutos e 10 segundos.