Setembro é o mês da moda. Ao longo desse mês são realizadas as quatro principais semanas de moda do calendário fashion, onde as principais marcas e designers apresentam suas coleções de primavera/verão 2025 e definem as tendências para a próxima temporada:
- Nova York | New York Fashion Week: 5 a 11 de setembro
- Londres | London Fashion Week: 13 a 17 de setembro
- Milão | Milan Fashion Week: 8 a 23 de setembro
- Paris | Paris Fashion Week: 24 de setembro a 2 de outubro
Como esses desfiles impactam o seu guarda-roupas?
Apesar da distância geográfica, essas semanas de moda nos EUA, na Inglaterra, na Itália e na França acabam impactando os consumidores brasileiros. Esses desfiles ajudam a moldar o mercado de moda no Brasil, tanto no comportamento de consumo quanto nas ofertas do varejo local e influenciam diretamente o estilo de vida dos brasileiros.
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Esses eventos fashion definem as principais tendências dessa indústria que, eventualmente, influenciam o mercado de roupas, acessórios e beleza no Brasil. O que é exibido nas passarelas se reflete nas vitrines brasileiras em coleções adaptadas ao estilo e ao clima local.
Além disso, com a massiva influência de plataformas como Instagram, TikTok e outras redes sociais, consumidores brasileiros têm acesso em tempo real aos desfiles, o que aumenta a demanda por produtos que seguem essas tendências internacionais.
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Muitas tendências apresentadas nas semanas de moda de luxo são rapidamente traduzidas em peças que cabem no bolso dos simples mortais por marcas de fast fashion no Brasil.
As semanas de moda também afetam a maneira como os consumidores brasileiros percebem o estilo, já que as referências de moda e cultura popular vistas nesses eventos influenciam a maneira como se vestem e consomem moda no dia a dia.
A exposição a desfiles internacionais também incentiva o crescimento e a valorização de estilistas brasileiros que buscam adaptar essas influências ao contexto local, criando uma moda única e conectada às tendências globais.
Por que setembro é o mês da moda?
A tradição de setembro como o mês da moda tem raízes históricas que remontam ao século 19, com a ascensão da alta-costura, especialmente por meio do estilista britânico Charles Frederick Worth (1825 –1895).
Considerado o "pai da alta-costura", Worth revolucionou a indústria da moda ao criar peças sob medida para clientes aristocráticas, consolidando a prática de exibir novas coleções em desfiles exclusivos.
Worth, que fundou a House of Worth em Paris na década de 1850, foi pioneiro em apresentar suas criações em desfiles para uma elite selecionada, influenciando profundamente o conceito de "temporadas" na moda.
Ele estabeleceu o modelo de criar novas coleções duas vezes por ano, alinhando suas apresentações com o calendário social europeu, que geralmente incluía grandes eventos e reuniões aristocráticas após o verão.
A tradição de exibir coleções no início do outono, em setembro, surgiu dessa prática, pois representava a época em que as elites retornavam às cidades após as férias de verão. Assim, era o momento ideal para que as mulheres da alta sociedade renovassem seus guarda-roupas, adotando as novas tendências para as próximas estações.
Ao longo do tempo, essa prática evoluiu e se expandiu globalmente, com o advento das semanas de moda modernas, que foram formalmente estabelecidas no século 20 em cidades como Nova York, Paris, Milão e Londres. Setembro consolidou-se como o mês estratégico para a apresentação das coleções de primavera/verão, que ditam as tendências globais e influenciam a indústria de moda e o varejo em todo o mundo.
Do alto luxo ao fast fashion
Setembro é o mês de renovação em várias indústrias, incluindo a moda. Também marca o fim do verão no Hemisfério Norte e o início de novas temporadas criam um ambiente propício para a apresentação de novidades e tendências. Designers e grandes marcas apresentam suas coleções de primavera/verão para o ano seguinte e definem as tendências que vão influenciar a indústria da moda em todo o mundo.
Essas semanas de moda permitem que as marcas apresentem suas criações com antecedência, dando tempo para a produção e comercialização para a próxima estação. O que é exibido nas passarelas em setembro impacta diretamente as coleções que chegarão às lojas nos meses seguintes. Marcas e varejistas usam essas tendências para planejar suas ofertas de produtos.
As semanas de moda ditam não apenas o que será tendência nas passarelas, mas também o que será adaptado para o consumo em massa, especialmente no fast fashion e nas plataformas digitais, como o TikTok.
O que esperar das quatro principais semanas de moda
Nova York
O estilista Ralph Lauren, um dos estilistas e empresários mais renomados da indústria da moda dos EUA, abre a semana de moda de Nova York nesta quinta-feira (5) com um desfile nos Hamptons, local perfeito para exibir o estilo preppy característico da marca.
Os Hamptons são uma região localizada no extremo leste de Long Island, no estado de Nova York, Estados Unidos. A área é composta por uma série de vilas e cidades costeiras, como Southampton, East Hampton, Sag Harbor, e Montauk, que são conhecidas por suas praias pitorescas, casas de luxo e como destino de férias para a elite de Nova York, especialmente durante os meses de verão.
Historicamente, os Hamptons eram uma área rural e de pesca, mas ao longo do século 20, a região se transformou em um refúgio para a classe alta e celebridades, com grandes mansões e propriedades à beira-mar. Atualmente, os Hamptons são associados ao luxo, ao estilo de vida sofisticado e à exclusividade, sendo frequentados por pessoas do mundo do entretenimento, finanças e moda.
O estilo preppy é um modo de vestir inspirado nos uniformes e roupas casuais usadas pelos alunos das escolas preparatórias de elite (preparatory schools) do nordeste dos Estados Unidos. Esse estilo tem raízes na moda dos jovens da alta sociedade estadunidense, e seus principais elementos incluem peças clássicas, formais e esportivas, muitas vezes associadas a atividades como tênis, polo, golfe e vela.
Esse estilo é caracterizado pelo uso de listras, xadrez e cores como branco, azul-marinho, vermelho e verde; peças icônicas como suéteres, camisas polo, camisas oxford, blazers, calças cáqui, saias plissadas e mocassins. Muitas peças têm inspiração em esportes como polo, críquete, vela e golfe, frequentemente usando elementos do vestuário desses esportes. Além disso, evoca uma imagem de sofisticação descontraída, com forte ligação ao lifestyle de clubes de campo e iates.
O sucesso de Ralph Lauren está amplamente associado à sua habilidade de capturar o ideal de estilo de vida dos EUA através de suas coleções, promovendo uma imagem de sofisticação casual e elegância acessível. Ele se destacou por combinar o tradicional com o moderno, utilizando referências do esporte, do campo e da aristocracia, especialmente nas linhas Polo Ralph Lauren.
No domingo (8), Tommy Hilfiger realizará um desfile em uma balsa desativada de Staten Island, prometendo uma atmosfera náutica com camisas listradas e colares de marinheiro.
A semana de moda de Nova York é conhecida por lançar novos talentos, e esta edição não será diferente. Designers emergentes estarão no centro das atenções, trazendo inovações em estilo e sustentabilidade.
Algumas marcas e estilistas a serem observados incluem Gabriela Hearst, conhecida por seu foco em sustentabilidade e materiais ecológicos, Hearst deverá apresentar uma coleção que equilibra luxo e responsabilidade ambiental; e LaQuan Smith, designer que mistura sensualidade e glamour, continuará a ganhar destaque com suas criações ousadas e modernas, focadas na estética da moda urbana e nas celebridades.
O evento de moda novaiorquino tem uma longa tradição de celebrar diversidade, e em 2024, isso continua a ser uma prioridade. Designers estão trazendo modelos de diferentes origens, tamanhos e identidades de gênero para a passarela, refletindo a diversidade da cidade de Nova York e a crescente demanda por representatividade na moda.
A sustentabilidade segue como uma tendência crescente nas semanas de moda ao redor do mundo, e Nova York está na vanguarda dessa mudança. Muitos designers estão explorando materiais reciclados, técnicas de produção eco-friendly e iniciativas para reduzir o impacto ambiental de suas coleções.
A presença de celebridades é um ponto forte da semana de moda de Nova York. Espera-se que estrelas de Hollywood, influenciadores e supermodelos marquem presença nos desfiles de grandes marcas como Ralph Lauren e Tommy Hilfiger, reforçando a importância de Nova York como um ponto de encontro entre a moda e o entretenimento.
Em tempos de TikTok e Instagram, os desfiles da semana de moda de Nova York estarão atentos às tendências digitais, com looks prontos para serem compartilhados nas redes sociais. Muitos designers focarão em peças que não apenas chamam atenção nas passarelas, mas também no universo das mídias sociais, criando um impacto visual instantâneo.
Tory Burch e Michael Kors também estão na lista dos desfiles mais aguardados, com ambas as marcas prometendo trazer coleções sofisticadas que combinam o clássico com o moderno. Michael Kors, em particular, é conhecido por suas peças atemporais e looks polidos, perfeitos para o público da alta sociedade.
Londres
A Semana de Moda de Londres vai combinar marcas tradicionais e emergentes para celebrar os 40 anos do evento com grandes expectativas e inovações. A programação diversificada quer refletir a criatividade e o impacto da indústria britânica no cenário global.
Como sempre, Burberry será um dos destaques, trazendo sua tradição de alfaiataria impecável e inovação. O desfile da marca é um dos mais aguardados, apresentando uma nova abordagem ao clássico estilo britânico com um toque contemporâneo.
Conhecido por sua estética romântica e de alta-costura, Erdem também é esperado para trazer uma coleção refinada e detalhada, com foco em tecidos luxuosos e modelagens elegantes. O estilista JW Anderson, que tem se destacado por suas criações ousadas e experimentais, é outro nome importante no evento. Ele promete trazer uma coleção com toques vanguardistas e inesperados.
Sinéad O’Dwyer é conhecida por seu casting inclusivo e representativo, e tem sido aclamada por desafiar os padrões convencionais de beleza na moda, promovendo diversidade corporal e modelos com tamanhos variados. Sua abordagem inclusiva e progressista continua a ganhar destaque.
O designer galês Paolo Carzana, que trabalha com materiais à base de plantas e reciclados, traz uma forte mensagem de sustentabilidade em suas criações, misturando moda e consciência ecológica. Ele é um nome a ser observado para quem busca inovação e responsabilidade ambiental.
A marca apoiada por Harry Styles, criada por Steven Stokey-Daley, está ganhando destaque com seu estilo excêntrico e inspirado em tradições britânicas, misturando moda com referências culturais e literárias. O designer já causou impacto ao ter Sir Ian McKellen recitando poesia em um de seus desfiles anteriores.
A designer Edeline Lee pode contar com a presença de figuras políticas, como Victoria Starmer, esposa do líder do Partido Trabalhista britânico Keir Starmer, que já escolheu peças da marca em eventos anteriores. Há expectativa sobre a possível participação de personalidades políticas em seu desfile. Angela Rayner, outra figura importante na política britânica, também pode marcar presença na primeira fila de alguns desfiles, destacando o papel crescente da moda como parte do cenário político-cultural.
O foco em práticas sustentáveis continua sendo uma prioridade para muitos designers presentes no evento. Espera-se que a London Fashion Week de 2024 traga inovações em design sustentável, com uso de materiais reciclados, tecidos orgânicos e processos de produção éticos, refletindo a crescente demanda do consumidor por uma moda mais consciente.
A Semana de Moda de Londres sempre foi pioneira em questões de inclusão e diversidade, e essa edição de 2024 não será diferente. Além da diversidade nos corpos das modelos, temas relacionados à representatividade de gênero, raça e etnia também serão centrais em muitas das coleções apresentadas.
Milão
A Semana de Moda de Milão é famosa por seu glamour, sofisticação e desfiles de grandes nomes da moda italiana. A Gucci continua sendo um dos desfiles mais esperados da semana. A marca deve apresentar uma coleção ousada e criativa, que reflete o estilo maximalista pelo qual é conhecida. A expectativa é alta, especialmente após a recente renovação na direção criativa da marca.
A Fendi é outro nome forte na programação. A casa de moda italiana, reconhecida por sua alta costura e peles luxuosas, deve trazer uma coleção sofisticada, combinando inovação e tradição italiana.
Após o sucesso de coleções anteriores, Bottega Veneta deve continuar inovando com seu estilo minimalista e peças altamente desejáveis, focadas em couro artesanal e acessórios icônicos.
Esta edição verá a ausência de Tom Ford, que está passando por uma transição de direção criativa, e de Giorgio Armani, que optou por realizar um desfile em Nova York em outubro para coincidir com a inauguração de um novo edifício Armani na Madison Avenue.
Designers emergentes da Itália também terão espaço nas passarelas, com foco em novas abordagens de sustentabilidade, artesanato e materiais eco-friendly. O desfile desses talentos promete introduzir novas perspectivas no cenário da moda de luxo.
Muitos designers italianos estão cada vez mais adotando práticas sustentáveis em suas coleções, e a Semana de Moda de Milão deverá trazer inovações nesse sentido, com o uso de materiais reciclados e processos de fabricação mais éticos.
Paris
A Semana de Moda de Paris encerra o circuito global das semanas de moda e o evento mais aguardado do calendário fashion. Ela é conhecida por sua elegância, criatividade e por abrigar as maiores grifes de alta-costura do mundo.
Este ano, a capital francesa dará as boas-vindas à marca dinamarquesa Ganni, que fará sua estreia na cidade, além de abrigar o aguardado desfile de Alessandro Michele para Valentino. A marca Coperni fechará a semana com um desfile no Disneyland Paris, marcando a primeira vez que o parque temático sediará um evento de moda.
A Dior é sempre um dos desfiles mais esperados da Semana de Moda de Paris. A marca deverá apresentar uma coleção sofisticada, com foco em alfaiataria refinada e feminilidade atemporal. A direção criativa de Maria Grazia Chiuri continua a enfatizar o empoderamento feminino, e a expectativa é de que a coleção reflita essa visão.
Saint Laurent, sob a direção de Anthony Vaccarello, trará uma mistura de glamour e rebeldia. O estilo rock 'n' roll e as peças ousadas são características fortes da marca, e seu desfile, sempre realizado em locais icônicos de Paris, é um dos eventos mais aguardados.
Alessandro Michele, ex-diretor criativo da Gucci, fará sua aguardada estreia para Valentino, após a saída de Pierpaolo Piccioli. Este é um dos momentos mais esperados da temporada, pois o público está ansioso para ver a nova direção que Michele dará à tradicional casa de moda romana.
O desfile da marca Dries Van Noten será o primeiro desde a aposentadoria do próprio Dries Van Noten, após 38 anos à frente da marca. Com uma nova equipe de design no comando, a expectativa é alta para ver como o legado da marca, conhecida por seus tecidos luxuosos e estampas ousadas, será preservado e evoluído.
A Coperni fará o desfile na Disneyland Paris, um local inusitado para a alta moda. A marca, conhecida por suas apresentações inovadoras, como o vestido spray-on de Bella Hadid, promete mais uma vez impressionar. Será o primeiro desfile de moda realizado no parque temático, e a expectativa é alta para o espetáculo visual.
A Balenciaga, sob a direção criativa de Demna Gvasalia, continua a ser um dos desfiles mais provocadores da temporada. Conhecida por suas inovações na alta-costura e streetwear, a marca sempre traz peças com apelo futurista e influências culturais impactantes.
As marcas estão cada vez mais focadas em práticas sustentáveis, e a edição de 2024 da Semana de Moda de Paris trará inovações nesse sentido. Designers como Stella McCartney devem destacar o uso de materiais reciclados e métodos de produção éticos, acompanhando a crescente preocupação com o impacto ambiental da moda.
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