HORDA DE ÓDIO

Gleisi Hoffmann presta solidariedade a jornalistas da Folha alvos de ataques bolsonaristas

Ministra das Relações Institucionais repudia onda de ódio contra profissionais de imprensa; esse é mais um caso de redes da extrema direita que tentam intimidar a imprensa enquanto clamam por "liberdade de expressão"

Ministra das Relações Institucionais repudia onda de ódio contra profissionais de imprensa; esse é mais um caso de redes da extrema direita que tentam intimidar a imprensa enquanto clamam por 'liberdade de expressão'.
Gleisi Hoffmann presta solidariedade a jornalistas da Folha alvos de ataques bolsonaristas.Ministra das Relações Institucionais repudia onda de ódio contra profissionais de imprensa; esse é mais um caso de redes da extrema direita que tentam intimidar a imprensa enquanto clamam por "liberdade de expressão".Créditos: Agência Brasil (Fabio Rodrigues-Pozzebom )
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A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, manifestou solidariedade às jornalistas Gabriela Biló e Thaísa Oliveira, da Folha de S.Paulo, que se tornaram alvos de ameaças e ataques coordenados por bolsonaristas nas redes sociais após reportagens sobre os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

"Minha solidariedade às jornalistas Gabriela Biló e Thaísa Oliveira, insultadas e ameaçadas nas redes da extrema direita pela cobertura dos atentados do 8/1. Pessoas que tentam se passar por vítimas e seguem praticando a violência política devem ser investigadas e punidas", escreveu Gleisi Hoffmann.

A ministra classificou a campanha de desinformação e assédio como uma tentativa de intimidação da imprensa, ressaltando que a apuração dos fatos e a liberdade de imprensa são fundamentais para a democracia.

Onda de ameaças e disseminação de fake news

Desde a última sexta-feira (21), perfis bolsonaristas passaram a divulgar informações falsas sobre as repórteres, incentivando ataques e expondo seus nomes e imagens.

A ofensiva teve início após postagens no X (antigo Twitter) insinuarem, sem qualquer prova, que as jornalistas seriam responsáveis pela prisão de Débora dos Santos Rodrigues, a mulher que pichou a estátua "A Justiça", localizada na Praça dos Três Poderes.

As publicações incitavam violência contra as profissionais e chegaram a incluir ameaças de morte, linchamento público e ataques a familiares. O caso foi registrado em boletim de ocorrência, e o departamento jurídico da Folha acompanha a situação.

O julgamento de Débora Rodrigues: o que está em jogo?

A jornalista Gabriela Biló cobriu os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, e as reportagens da Folha destacaram a atuação de Débora dos Santos Rodrigues, que ficou conhecida por pichar a estátua do Supremo Tribunal Federal (STF) com a frase "Perdeu, mané".

Porém, esse não é o único motivo pelo qual Débora está sendo julgada. A Procuradoria-Geral da República (PGR) a denunciou por cinco crimes relacionados à sua participação na tentativa de golpe de Estado:

  1. Abolição violenta do Estado Democrático de Direito – tentativa de suprimir o regime democrático vigente.
     
  2. Golpe de Estado – intenção de destituir o governo legitimamente constituído.
     
  3. Dano qualificado – destruição de patrimônio público com uso de substâncias inflamáveis.
     
  4. Deterioração de patrimônio tombado – depredação de um bem de valor histórico e cultural.
     
  5. Associação criminosa armada – participação em organização com propósito ilícito.

O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, já votou pela condenação de Débora a 14 anos de prisão em regime fechado, além de multa e indenização de R$ 30 milhões por danos morais coletivos. 

O julgamento segue em plenário virtual da Primeira Turma do STF até o próximo dia 28 de março, com votos de Flávio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux e Cármen Lúcia ainda pendentes.

Bolsonaristas atacam imprensa enquanto clamam por liberdade de expressão

A campanha de ódio contra as jornalistas da Folha expõe uma contradição recorrente: os mesmos bolsonaristas que se dizem defensores da liberdade de expressão são os que mais atacam a imprensa e tentam silenciar jornalistas.

Desde o governo Bolsonaro, jornalistas que cobrem temas sensíveis, como investigações sobre corrupção, ataques à democracia e violência política, passaram a ser alvos frequentes de campanhas de difamação e assédio coordenado.

A ofensiva contra Biló e Oliveira segue um padrão já observado nos ataques a Patrícia Campos Mello, da Folha, que em 2020 foi alvo de insinuações sexuais e fake news promovidas pelo próprio Jair Bolsonaro.

O ex-presidente também ofendeu diretamente outras jornalistas durante seu governo, incluindo:

  • Vera Magalhães, chamada de "mentirosa" e "vergonha do jornalismo" em coletiva de imprensa.
     
  • Daniela Lima, da CNN Brasil, atacada em transmissões ao vivo por bolsonaristas.
     
  • Miriam Leitão, alvo de deboche do ex-presidente, que ironizou sua tortura na ditadura militar.

Extrema direita e o ataque sistemático a mulheres jornalistas

Os ataques contra jornalistas têm um recorte de gênero. Segundo levantamentos da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), mulheres jornalistas são os alvos mais frequentes de ameaças e assédio virtual no Brasil, um fenômeno que se repete em outros países onde a extrema direita tem influência.

Entre os métodos mais usados para tentar silenciar jornalistas mulheres, estão:

  • Ameaças de violência sexual e intimidação contra suas famílias.
     
  • Difusão de fake news para descredibilizá-las.
     
  • Exposição de dados pessoais (doxxing), colocando-as em risco físico.

A misoginia é uma característica marcante da extrema direita global. No Brasil, o discurso bolsonarista frequentemente atacou mulheres na política, no jornalismo e em outras áreas de atuação pública.

Ataques a jornalistas cresceram no governo Bolsonaro, mas caíram após sua saída

Levantamentos da Abraji e da Fenaj mostram que a violência contra jornalistas explodiu durante o governo Bolsonaro.

Fenaj (2022):

  • 376 casos de violência contra jornalistas (aumento de 23% em relação a 2021)
     
  • 42% dos ataques foram cometidos por Bolsonaro ou seus familiares.

Abraji (2022):

  • 69,2% de aumento nas agressões graves contra jornalistas em comparação com 2021.
     
  • Agressões incluíram violência física, ameaças e destruição de equipamentos.

Pós-Bolsonaro (2023):

  • Fenaj: Queda de 51,86% nos casos de violência contra jornalistas.
     
  • Abraji: Redução de 40,7% nos ataques.

Os dados demonstram a correlação direta entre o governo Bolsonaro e a escalada de agressões contra a imprensa, reforçando que os ataques às jornalistas da Folha são um reflexo da cultura de violência e desinformação alimentada pelo bolsonarismo.

Entidades reagem e cobram investigações

Diante da gravidade das ameaças contra Biló e Oliveira, associações de imprensa exigem providências:

Abraji
"Trata-se de uma ação coordenada de ofensas pessoais, exposição de dados e ameaças de violência física e morte. Não podemos aceitar que profissionais da imprensa sejam silenciados pela intimidação."

Arfoc-SP
"Jornalistas cumprem o dever de documentar a realidade. Repudiamos qualquer forma de censura e intimidação contra a imprensa."

Lliberdade de imprensa sob ataque do bolsonarismo

A perseguição contra Gabriela Biló e Thaísa Oliveira reforça o padrão bolsonarista de desacreditar e ameaçar a imprensa como forma de tentar controlar a narrativa pública.

Enquanto se apresentam como defensores da liberdade de expressão, os bolsonaristas continuam promovendo campanhas de desinformação e ameaças contra jornalistas, buscando minar um dos pilares da democracia.

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