Faltando 10 dias para o novo ato convocado por bolsonaristas contra Alexandre de Moraes, a Folha de S.Paulo embarcou de vez no impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no editorial desta terça-feira (27) em que classifica como "anomalia" a investigação aberta por ele para encontrar os responsáveis pelo vazamento de conversas entre assessores.
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O vazamento das conversas foram transformadas em denúncias vazias pelo jornal do banqueiro Luiz Frias, que acusa o ministro de "atuar fora do rito" no enfrentamento à organização criminosa montada por Jair Bolsonaro (PL) e aliados para dar um golpe de Estado nas eleições de 2022.
As "reportagens", em parceria com Glenn Greenwald - ex-The Intercept que caiu recentemente nos braços de Elon Musk, da rede X -, recrudesceram os ataques da horda bolsonarista que, em dobradinha com a Folha, tenta pressionar pelo impeachment de Moraes.
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"O exercício da autocrítica, diante dos diálogos revelados, deveria levar o ministro Alexandre de Moraes e seus colegas a darem cabo desses inquéritos anômalos, que se estendem muito além do que seria justificável para uma situação excepcional, que não subsiste", diz o jornal.
O que a Folha não diz é que esses "inquéritos anômalos" dizem respeito justamente à tentativa de um golpe de Estado colocada em marcha há menos de dois anos e que segue ativa em uma aliança entre a ultradireita bolsonarista, o sistema financeiro, uma parcela do agro, além de parte da mídia liberal cooptada mais recentemente pelas "denúncias" do jornal.
Para atacar, a Folha usa a tática da Ditabranda - quando "esqueceu" também em editorial os desmandos e a violência criminosa da Ditadura - dizendo que Moraes e o STF usam a tentativa de golpe em 2022 para "manter-se a concentração anômala de poder no magistrado e na corte".
"Essa má impressão ficou reforçada pela abertura de um novo inquérito por Moraes - de ofício, isto é, sem ter sido provocado pelo Ministério Público, como reza o protocolo civilizatório e a Carta - em que ele figura como interessado, delegado, promotor e juiz", diz a Folha, papagaiando Jair Bolsonaro e seus asseclas.
Ferida em seu ego, a Folha diz que a abertura da investigação, que apura um provável vazamento do conteúdo pela polícia do governador bolsonarista Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) em uma "armação política", como o próprio Eduardo Tagliaferro afirmou, é uma "resposta do ministro" ao jornal pelas reportagens que apontam "no mínimo, havia pouquíssima formalidade ao lidar com alvos de investigação". Ou seja, novamente, a família Frias não aponta ilegalidades nas "denúncias".
"A suspeita, sustentada pelo ministro em seu ofício, é a de que o vazamento dessas conversas seria fruto da atuação de uma 'organização criminosa' que atenta contra 'a democracia e o Estado de Direito, especificamente contra o Poder Judiciário e em especial contra o Supremo Tribunal Federal, pleiteando a cassação de seus membros e o próprio fechamento da corte, com o retorno da ditadura'", ironiza o jornal, sem informar aos seus leitores que o inquérito que investiga justamente esse golpe ainda não foi finalizado.
"É uma pena que a resposta, embalada em espírito de corpo e paranoia persecutória, tenha vindo no sentido contrário, de reforçar condutas estranhas ao império da lei", conclui a Folha, de forma patética, se vitimizando como faz Bolsonaro e se alinhando aos desejos do ex-presidente, de dar um novo golpe de Estado - dessa vez em conluio com uma parcela da mídia liberal, historicamente golpista.
O posicionamento do jornal da família Frias foi aplaudida nas redes por expoentes do bolsonarismo, como Paulo Figueiredo, neto do ditador João Baptista Figueiredo, último mandatário do regime militar.
"Novo editorial da Folha poderoso contra o Alexandre: 'os tempos mudaram e as ameaças institucionais já acabaram'. Ou seja, Alexandre não tem mais utilidade e já pode ser descartado", escreveu compartilhando o texto do jornal.