Um grupo de jornalistas de Mato Grosso que alega estar sendo perseguido pelo governador Mauro Mendes (União Brasil) será recebido no Ministério da Justiça e Segurança Pública, em Brasília, na próxima sexta-feira (1). Os profissionais pretendem denunciar a Jean Uema, secretário nacional de Justiça, o que consideram uma "polícia paralela montada pelo governador para assediar judicialmente jornalistas e opositores políticos".
Ao todo, 18 jornalistas compõem o grupo que denuncia o governador. Entre eles estão Alexandre Aprá e Enock Cavalcanti, que recentemente deram entrevistas à Revista Fórum para denunciar a situação sofrida por eles. Os dois foram alvos de operação de busca e apreensão da Polícia Civil de Mato Grosso, no âmbito da chamada “Operação Fake News”, no começo de fevereiro.
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Entre as denúncias que os jornalistas farão no Ministério da Justiça está a abertura de inquéritos contra 17 profissionais que adotam postura crítica em relação ao governo. No início do mês, três jornalistas foram alvos de busca e apreensão autorizadas pela Justiça após a Polícia Civil instaurar inquérito por crimes de calúnia, ameaça e associação criminosa. Os investigados simplesmente reproduziram reportagens de sites nacionais e escreveram artigos de opinião.
Os jornalistas denunciam que tiveram os celulares e computadores apreendidos, o que comprometeu o próprio exercício da profissão. Eles contam com apoio de 11 entidades de defesa da liberdade de imprensa, entre elas a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), a ONG Repórteres Sem Fronteiras e o Instituto Vladimir Herzog.
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Uma vez que perderam a confiança na Justiça estadual, também apontada como aparelhada pelo governador nas denúncias, os jornalistas vão pedir que a Polícia Federal investigue a compra e o uso do FirstMile, um software espião israelense adquirido com dispensa de licitação pelo governo de Mato Grosso em maio de 2022, meses antes da reeleição de Mauro Mendes. O equipamento é o mesmo que está sendo investigado pela Polícia Federal na "Abin paralela" de Bolsonaro.