A escalada do conflito entre Israel e Palestina, desencadeada pelo ataque do grupo político islâmico-palestino Hamas contra áreas ocupadas por colonos e forças de segurança de Israel, tem sido amplamente discutida pela mídia mundial e brasileira.
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A GloboNews, emissora de jornalismo com a maior audiência do país, tem dado grande destaque ao assunto, conduzindo inúmeras entrevistas com analistas para avaliar as causas, consequências e contexto do conflito. No entanto, uma preocupação tem surgido em relação à representatividade das perspectivas envolvidas.
A maioria dos entrevistados pelo canal são jornalistas e "especialistas" com posicionamento pró-Israel, o que pode limitar uma análise mais profunda sobre uma questão geopolítica tão complexa.
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Em resposta a esse desequilíbrio na cobertura midiática da escalada da violência no Oriente Médio, a Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), entidade que representa a diáspora palestina no país e reúne cerca de 60 mil refugiados e seus descendentes, vem cobrando espaço na emissora.
Através das redes sociais, a Fepal revelou que tem procurado a GloboNews desde o sábado (7), quando os primeiros ataques do Hamas contra Israel foram deflagrados a partir da Faixa de Gaza.
"Oi, GloboNews, tudo bem? Estamos procurando vocês desde a manhã de ontem, 07, para falar sobre a Palestina. Vimos inúmeros propagandistas do apartheid israelense entrarem ao vivo diversas vezes. Não tem espaço para a representação palestina na programação de vocês?", questionou a federação em postagem no X, o antigo Twitter, no último domingo (8).
A Fepal ressalta que, além de ser uma obrigação ética do jornalismo dar espaço a entidades palestinas, o direito ao contraditório é fundamental para garantir que o público tenha acesso a diferentes perspectivas e visões sobre o conflito.
Segundo a entidade, a GloboNews pode estar praticando o que eles chamam de "censura midiática" ao não entrevistar representantes da causa palestina no Brasil, o que configuraria uma "violação do dever jornalístico".
"A demonização dos palestinos - e dos povos não-ocidentais no geral - é, realmente, uma marca histórica do jornalismo da Globo (...) Estamos começando a achar que talvez o interesse maior seja alimentar a narrativa sionista, a desinformação da sociedade brasileira e a higienização do apartheid de Israel. Seguimos aguardando", escreveu ainda a Fepal.
"Oi, Guga Chacra"
Nesta terça-feira (9), a Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) seguiu cobrando a GloboNews por espaço na emissora para comentar o conflito entre israelenses e palestinos.
A cobrança, desta vez, foi direcionada a Guga Chacra, jornalista da emissora que cobre questões internacionais e conflitos no Oriente Médio.
A Fepal respondeu a uma publicação de Guga feita no X, o antigo Twitter, reportando corpos encontrados após o que ele classificou como "ataque terrorista do Hamas".
"Oi, Guga Chacra. Já que vocês não nos dão espaço na GloboNews, relembramos alguns atentados terroristas cometidos por Israel. Gaza, 2008: 1391 palestinos mortos, 344 crianças. Gaza, 2014: 2189 palestinos mortos. Massacre de Sabra e Chatila, 1982: +2400 palestinos mortos".