HAMAS

O que é Hamas? Entenda papel do grupo político na Guerra em Israel

Organização islâmica que atua na Faixa de Gaza é peça-chave no conflito israelo-palestino

Comício do Hamas em Ramallah, na CisjordâniaCréditos: Hoheit (¿!)
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O Hamas é uma organização política e militar palestina que tem desempenhado um papel significativo no cenário político e no conflito israelo-palestino. Compreender a origem, objetivos e ideologia do Hamas é fundamental para uma análise imparcial e abrangente dessa organização.

Em 7 de outubro de 2023, comandou junto à Jihad Islâmica Palestina um ataque contra a região sul de Israel, o que desencadeou uma guerra na parte do sul da ocupação israelense. Nesse artigo, vamos explicar o que é o Hamas.

Origem e Fundação do Hamas

O Hamas foi fundado em dezembro de 1987, durante a Primeira Intifada, uma revolta palestina contra a ocupação israelense nos Territórios Palestinos, que inclui a Cisjordânia e a Faixa de Gaza. A organização emergiu em um contexto de agitação e descontentamento entre a população palestina, que buscava resistir à ocupação israelense e reivindicar seus direitos nacionais.

O Hamas foi inicialmente estabelecido como um braço social e político da Irmandade Muçulmana palestina, com o objetivo de fornecer serviços sociais e desenvolvimento comunitário às comunidades palestinas, particularmente em Gaza.

O grupo foi financiado pelo estado israelense em seu período inicial, como uma forma de combater dentro da palestina a Organização pela Libertação da Palestina (OLP) e o Fatah, grupos de esquerda nacionalista que eram majoritários entre os árabes.

O financiamento desencadeou o fortalecimento do Hamas, que não aceita negociações com Israel até os dias de hoje, diferentemente da própria OLP.

Hamas - religião e ideologia:

O Hamas baseia sua ideologia em uma interpretação do Islã e na aspiração de libertar a Palestina da ocupação israelense. Alguns dos princípios e crenças centrais do Hamas incluem:

1. Resistência armada: Hamas é um defensor da resistência armada como meio legítimo de lutar contra a ocupação israelense. A organização vê a resistência como um direito nacional e alega que o uso da força é uma resposta à opressão e ao despojo que os palestinos enfrentam. 

2. Estado Palestino: O Hamas apoia a criação de um estado palestino independente e soberano nas fronteiras de 1967, que incluiriam a Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental. A organização rejeita qualquer acordo que não leve a um Estado Palestino soberano.

3. Jerusalém como capital: O Hamas insiste que Jerusalém Oriental deve ser a capital do futuro Estado Palestino, uma posição que também é apoiada pela Autoridade Palestina.

4. Fim dos acordos de Oslo: O Hamas se opõe ao processo de paz baseado nos Acordos de Oslo, assinados entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) na década de 1990. Eles argumentam que esses acordos não conseguiram garantir os direitos nacionais palestinos e não conduziram a uma solução justa.

5. Estado multirreligioso: Embora o Hamas seja uma organização islâmica, sua abordagem para a governança é mais flexível do que muitos podem supor. Eles não impõem estritamente a lei islâmica (sharia) e permitem uma sociedade diversificada em termos religiosos e culturais em Gaza, com forte presença de judeus e cristãos em Gaza.

Hamas e cristianismo

O Hamas, como uma organização islâmica, se baseia em uma interpretação específica do Islã e tem uma visão particular em relação às relações com os "povos do livro". A expressão "povos do livro" (Ahl al-Kitab em árabe) refere-se a comunidades religiosas que têm livros sagrados reconhecidos pelo Islã, ou seja, judeu e cristãos.

O Hamas afirma respeitar os "povos do livro" e sua presença histórica na região, incluindo judeus e cristãos. Eles frequentemente enfatizam a convivência religiosa em Gaza e afirmam que as minorias religiosas têm direitos e liberdade de religião. 

Evolução Política

Ao longo dos anos, o Hamas passou por uma evolução política e estratégica. Embora tenha começado como uma organização focada na resistência armada e na assistência social, o Hamas buscou uma maior participação na política palestina. Em seu início, o grupo era considerado terrorista, mas, atualmente, não promove mais ataques desse tipo.

Em 2006, o Hamas participou das eleições legislativas palestinas e surpreendeu muitos ao conquistar uma maioria parlamentar em Gaza. Isso levou à formação de um governo liderado pelo Hamas, embora tenha enfrentado desafios significativos, incluindo um embargo econômico internacional.

Essa evolução política também levou a esforços de reconciliação com a Autoridade Palestina, que é dominada pelo partido Fatah, em uma tentativa de formar um governo de unidade. No entanto, essas iniciativas nunca andaram e, atualmente, Cisjordânia e Gaza vivem duas palestinas diferentes.

O Hamas é terrorista?

O Hamas é considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos, União Europeia e outros países ocidentais. Isso se deve, em grande parte, ao histórico de ataques violentos realizados por suas forças militares e a retórica anti-Israel que alguns líderes do Hamas já expressaram.

No entanto, o Hamas mantém relações com vários estados e atores regionais, incluindo o Catar, o Irã e a Turquia. Eles buscam apoio político e financeiro de países e organizações que compartilham de suas posições políticas em relação a Israel e à Palestina.

Problemas do Hamas

O Hamas enfrenta desafios significativos à medida que busca manter o controle em Gaza, enfrentar a pressão econômica e participar de esforços de reconciliação com o Fatah. Além disso, a organização é o principal alvo de Israel por oferecer o maior risco militar ao país dentro da Palestina.

As táticas mais violentas do Hamas e o apoio que a organização recebe da Palestina é um sinal de um esgotamento das capacidades de negociações entre Israel e o Fatah.