Mais de três mil ilhas entre mar e rios: o maior arquipélago fluviomarinho do mundo fica no Brasil

Repleto de biodiversidade e cultura, o maior complexo de ilhas banhadas por mar e rios do mundo é um "emaranhado de caminhos", e todos eles levam à água

Entardecer na Ilha do Marajó.Créditos: Fernando Stankuns via Flickr
Escrito en MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE el

O maior complexo de ilhas fluvio-marítimas do planeta fica no Brasil: com mais de três mil ilhas e 50 mil km², o arquipélago do Marajó, que abarga os estados do Amapá e do Pará, é banhado pelo oceano Atlântico ao norte, pela baía do Marajó ao leste (que recebe a bacia do rio Tocantins), pelo estuário do rio Pará ao sul e pelo delta do rio Amazonas ao oeste.

Vista de imagem de satélite sobre o arquipélago do Marajó. 
Créditos: Wikipedia

O arquipélago, que se estende entre a Linha do Equador e o paralelo 1,55° na latitude sul, e entre os meridianos 47° e 53° no leste/oeste, é a maior unidade de preservação do Brasil, definido como área de proteção ambiental (APA) pelo Sistema Nacional do Meio Ambiente.

O complexo abriga cerca de 250 mil pessoas entre 15 municípios, e é povoado, também, por búfalos, usados em atividades pecuárias para carne, leite, queijo, doce de leite e outros produtos. Estima-se que haja entre 462 mil e 700 mil cabeças de búfalos na região, o maior rebanho brasileiro desses animais.

A fauna do arquipélago inclui mais de 400 espécies de aves registradas, entre garças e araras, tuiuiús (ou jaburus) e guarás-vermelhos, além dos jacarés e serpentes amazônicos, e de uma grande variedade de peixes de água doce e salgada, como o tucunaré, o pirarucu, espécies de piranhas, o candiru e o bagre, o bacu, o tamuatá e a traíra.

Peixe-boi da Amazônia, na Ilha do Marajó.
Créditos: Animalia
Garça-vaqueira, espécie descrita pela primeira vez em 1965, na Ilha do Marajó.
Créditos: Animalia

Marajó, cujo nome se traduz como "o emaranhado de caminhos aquáticos da dona da água" (Mbará: o mar; pará: as águas que colhem; e igarapé: os caminhos), era chamado por seus habitantes ancestrais de Marinatambal, e foi habitado, entre os anos 400 e 1300, por cerca de 40 mil nativos que viviam numa sociedade matriarcal e habitavam casas de chão batido decoradas com palafitas feitas de terra.

Lá, os povos originários modelavam argila para fazer cerâmicas, e cultivava-se a mandioca como principal fonte de alimento.

A arte marajoara, hoje mundialmente famosa, entre peças de cerâmica feitas com argila cozida e urnas funerárias decoradas para sepultamentos, pode ser encontrada em museus como o próprio Museu do Marajó, criado em 1972; o Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro; o Museu de Arqueologia e Etnologia da USP; ou o Museu Americano de História Natural, em Nova York.

Urna funerária de cerâmica feita por marajoaras em exposição no Museu de História Natural de Nova York.
Créditos: Wikimedia Commons
Urna funerária de tradição marajoara com padrões em alto relevo.
Créditos: Wikimedia Commons

 

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