Faltando poucos meses para a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), o Pará já colhe os frutos de um compromisso ousado com o desenvolvimento sustentável. Sediando o maior evento climático do mundo entre os dias 10 e 21 de novembro, o estado se prepara para receber mais de 50 mil participantes — um marco que vai muito além da visibilidade internacional, refletindo diretamente na economia local, na geração de empregos verdes e no avanço de políticas socioambientais progressistas.
De acordo com a consultoria Tendências, o Pará deve ser um dos estados brasileiros com maior crescimento em 2025, com projeção de 3,5% de aumento no Produto Interno Bruto (PIB), impulsionado principalmente pelos investimentos relacionados à COP30. Mas esse crescimento não ocorre a qualquer custo. Pelo contrário: é guiado por uma agenda verde robusta, que alia combate ao desmatamento, transição energética e justiça social.
Um Pará mais verde e inclusivo
Abrigo de 25% da floresta Amazônica brasileira, o Pará registrou em fevereiro uma queda superior a 70% no desmatamento, segundo dados do sistema DETER do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Esse resultado é fruto de uma atuação coordenada entre governos, comunidades e atores internacionais, com destaque para programas de pagamento por serviços ambientais, monitoramento da pecuária e acordos globais como o REDD+ e a Coalizão LEAF.
Mais de R$ 4,5 bilhões estão sendo aplicados em infraestrutura e mobilidade de baixo carbono. Entre os destaques está o BRT Metropolitano, com veículos Euro 6 e elétricos, capaz de atender mais de 1 milhão de pessoas e gerar pelo menos 5 mil empregos diretos e indiretos. O transporte sustentável, além de reduzir emissões, promove inclusão social ao facilitar a mobilidade urbana em regiões historicamente marginalizadas.
PlanBio: economia verde na prática
Outro marco da transformação ecológica do Pará é o Plano Estadual de Bioeconomia (PlanBio), política pública pioneira no Brasil. O plano estrutura investimentos sustentáveis, estimula a inovação tecnológica e impulsiona o empreendedorismo socioambiental em comunidades tradicionais e populações indígenas. Desde sua implementação, o PlanBio já beneficiou 67 mil pessoas, apoiou 270 negócios sustentáveis e capacitou 38 mil trabalhadores e trabalhadoras da floresta.
Essa iniciativa reflete um modelo de desenvolvimento alternativo ao extrativismo predatório, promovendo uma nova lógica de produção baseada no uso responsável dos recursos naturais da Amazônia. Para o Brasil, que ainda enfrenta os efeitos de anos de negligência ambiental e políticas anti-indígenas, o exemplo paraense surge como um sopro de esperança — e um chamado à ação.
COP30: uma oportunidade para reconstruir o pacto ecológico
A COP30 não será apenas um evento diplomático, mas uma oportunidade histórica para o Brasil reafirmar seu compromisso com a justiça climática e o futuro do planeta. O Pará, com sua biodiversidade única e seu povo resiliente, mostra que é possível crescer respeitando os limites ambientais e promovendo equidade.
Mais do que vitrine, o estado se torna um laboratório vivo da transição ecológica. Uma transição que não pode deixar ninguém para trás — e que deve inspirar outros estados e nações a trilhar caminhos semelhantes.