Cachorros e gatos estão cada vez mais biologicamente parecidos, e isso é culpa dos humanos

Estudo incluiu crânios de diversas raças de cães em análise 3D

A pesquisa identificou um padrão de convergência evolutiva entre cães e gatos domésticos.Créditos: Flickr
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Apesar de separados por cerca de 50 milhões de anos de evolução, cães e gatos domésticos vêm se tornando surpreendentemente parecidos — ao menos no formato do crânio. É o que mostra um novo estudo liderado pela bióloga evolucionária Abby Grace Drake, que analisou mais de 1.800 crânios de raças domésticas e seus parentes selvagens.

A pesquisa identificou um padrão de convergência evolutiva entre cães e gatos domésticos: embora pertençam a linhagens distintas, muitas raças compartilham características faciais semelhantes, como as faces achatadas vistas em pugs e gatos persas. Esse fenômeno ocorre quando espécies diferentes desenvolvem traços parecidos por estarem sujeitas às mesmas pressões — neste caso, a intervenção humana por meio da reprodução seletiva.

A análise 3D incluiu crânios de diversas raças de cães, de focinho curto a alongado, e gatos domésticos como siameses e Maine Coons. Os resultados mostraram que, com a domesticação, a variedade de formas cranianas aumentou, superando a diversidade natural presente entre lobos e felinos selvagens. Além disso, algumas raças acabaram desenvolvendo formatos cranianos parecidos entre si, mesmo sendo de espécies diferentes.

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A busca por traços considerados “fofos” — como olhos grandes e cabeças arredondadas — está ligada ao instinto humano de responder a sinais infantis, os chamados “liberadores sociais”, que despertam comportamentos de cuidado. Esses traços, comuns em bebês humanos, são reproduzidos em animais de estimação, o que pode explicar a preferência por raças de cara achatada.

No entanto, essa seleção estética tem consequências. Relatórios recentes do Comitê de Bem-Estar Animal do Reino Unido alertam para os efeitos negativos da criação de animais com características físicas extremas. Problemas respiratórios, distúrbios neurológicos e complicações no parto são algumas das condições associadas a essas raças.

O comitê defende uma regulamentação mais rígida para evitar a reprodução de animais com predisposição a doenças hereditárias. O estudo reforça que, ao tentar moldar a natureza conforme nossos gostos, os humanos podem colocar em risco o bem-estar dos próprios animais que desejam proteger.

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