Historiador faz descoberta inédita de registros rupestres pré-históricos no interior da Bahia

Os achados, feitos na zona rural de Tucano (BA), devem ser avaliados por comissão técnica do IPHAN no primeiro semestre de 2025

Símbolo recorrente em achados de gravuras rupestres no interior da Bahia.Créditos: foto/André Silva Carvalho
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Entre outubro de 2024 e janeiro de 2025, o historiador baiano André Silva Carvalho relatou a descoberta de dois sítios arqueológicos com gravuras e pinturas rupestres na zona rural de Tucano, município no Nordeste da Bahia. Os achados foram feitos nas fazendas Marizá e Caldeirão, ambas localizadas na região rural de Tucano.

Nas imagens coletadas por Carvalho, mestre em História pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e natural de Tucano, é possível observar padrões esculpidos em superfícies rochosas irregulares, marcadas pela erosão do tempo. A maioria das gravuras tem como símbolo recorrente um desenho de três linhas, duas delas inclinadas lateralmente e uma linha central, que se repete em diferentes formações. Em outras rochas, que aparentam ter composição semelhante, os padrões variam, alternando-se com formas ovais circundadas por linhas frequentes.

Além das gravuras, o historiador identificou pinturas rupestres em tonalidade avermelhada, compostas por linhas retas, onduladas e em zigue-zague, e dispostas verticalmente ao longo das rochas.

Gravura rupestre encontrada no interior da Bahia. Créditos: foto - André Silva Carvalho
Gravuras rupestres encontradas no interior da Bahia. Créditos: foto - André Silva Carvalho
Gravuras rupestres encontradas no interior da Bahia. Créditos: foto - André Silva Carvalho
Pinturas rupestres encontradas no interior da Bahia. Créditos: foto - André Silva Carvalho
Pinturas rupestres encontradas no interior da Bahia. Créditos: foto - André Silva Carvalho

"Eu encontrei por conta própria, a partir de relatos de moradores", conta Carvalho, que, em seguida, notificou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) sobre a descoberta.

Em novembro de 2024, o Núcleo de Arqueologia do IPHAN classificou o achado como fortuito — termo usado para descobertas arqueológicas inesperadas — e indicou que ele pode estar relacionado a dois sítios já registrados na região. A autenticidade e relevância dos vestígios, além de sua estimativa de idade, serão avaliadas por uma comissão técnica da autarquia vinculada ao Ministério da Cultura ainda no primeiro semestre de 2025.

A arte rupestre pré-histórica divide-se em pinturas, feitas com pigmentos naturais como óxidos de ferro, e gravuras, obtidas por incisões nas rochas. Essas representações podem retratar animais, plantas, figuras humanas, símbolos rituais ou padrões abstratos, e oferecem um vislumbre do cotidiano de civilizações antigas.

Na Bahia, os principais sítios rupestres estão concentrados na Chapada Diamantina. No norte do estado, no entanto, sítios com registros de arte rupestre de até 3.920 anos já foram encontrados nos municípios de Umburanas e Sento Sé, a cerca de 470 km de Tucano. Nessas localidades, 50 sítios arqueológicos reúnem fragmentos de pinturas em rochas, além de achados de ferramentas pré-históricas feitas de pedra, como machados e utensílios usados para moer e cortar alimentos.

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