Novo recorde: gelo marinho global recua a níveis inéditos em fevereiro

Os dados, obtidos por meio de observações via satélite desde o final da década de 1970 e registros históricos que remontam à metade do século XX, reforçam a gravidade da situação

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O gelo marinho global atingiu um nível historicamente baixo em fevereiro, alertam cientistas, evidenciando os impactos do aquecimento causado pela poluição atmosférica.

De acordo com o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S) da União Europeia, a área combinada de gelo nos polos norte e sul alcançou um novo mínimo diário no início do mês e permaneceu abaixo do recorde anterior até o final de fevereiro.

"O derretimento do gelo marinho é uma das consequências diretas do aumento das temperaturas globais", afirmou Samantha Burgess, vice-diretora do C3S. "Os níveis recordes ou próximos do recorde observados em ambos os polos contribuíram para essa queda sem precedentes na cobertura global de gelo."

A análise revelou que a extensão do gelo marinho no Ártico foi a menor já registrada para fevereiro, ficando 8% abaixo da média histórica. Na Antártida, a cobertura foi a quarta menor já registrada para o mês, situando-se 26% abaixo da média. Os dados, obtidos por meio de observações via satélite desde o final da década de 1970 e registros históricos que remontam à metade do século XX, reforçam a gravidade da situação.

No início de fevereiro, pesquisadores detectaram uma onda de calor anômala no Ártico, com temperaturas ultrapassando em mais de 20°C a média do período, o que acelerou o processo de derretimento do gelo. Cientistas classificaram esse novo recorde como "especialmente preocupante", pois o gelo desempenha um papel fundamental na regulação térmica do planeta, refletindo a luz solar.

A cobertura global de gelo marinho oscila ao longo do ano, mas normalmente atinge seu nível mais baixo em fevereiro, quando é verão no hemisfério sul.

O C3S também informou que fevereiro de 2025 foi o terceiro mais quente já registrado, com temperaturas globais 1,59°C acima dos níveis pré-industriais. Esse foi o 19º mês, nos últimos 20, a ultrapassar a marca de 1,5°C em relação à era pré-industrial.

Os dados foram obtidos a partir da reanálise de bilhões de medições coletadas por satélites, navios, aeronaves e estações meteorológicas. A agência ressaltou que, embora a margem de elevação acima de 1,5°C tenha sido pequena em alguns meses, as tendências gerais apontam para um aumento consistente das temperaturas globais.

A quebra desse recorde ocorre após 2024 ter sido confirmado como o ano mais quente da história. Uma análise do jornal The Guardian baseada nos dados do C3S revelou que dois terços da superfície terrestre experimentaram temperaturas recordes ao longo do ano passado. O fenômeno climático El Niño no primeiro semestre de 2024 intensificou o aquecimento global, reforçando os impactos da poluição gerada pela queima de combustíveis fósseis.

Desde então, o El Niño perdeu força e deu lugar a uma versão moderada de sua contraparte fria, La Niña. A Organização Meteorológica Mundial afirmou que o La Niña, que surgiu em dezembro, deve ser passageiro.

 

*Com informações de The Guardian 

 

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