MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Maravilhas do mundo antigo estão sob risco de colapsar por avanço dos mares, diz estudo

Os espaços costeiros da maior cidade portuária do Egito, lar de uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, estão recuando rapidamente com o avanço do nível do mar, e estruturas colapsam devido à erosão dos solos

Vista aérea de Alexandria.Créditos: free source
Escrito en MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE el

Nas últimas duas décadas, cerca de 280 estruturas arquitetônicas de Alexandria, cidade portuária que se estende por 32 quilômetros na costa mediterrânica do Egito e lar de uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, colapsaram devido à erosão costeira causada pelo aumento do nível do mar.

De acordo com um estudo publicado no periódico Earth's Future em fevereiro, os edifícios de Alexandria, a segunda cidade mais populosa do Egito, que abriga o maior porto do país — por onde passam 80% de suas importações e exportações —, já são afetados a uma taxa de 40 por ano. 

Nas últimas duas décadas, pelo menos 280 deles colapsaram devido aos efeitos da erosão, e mais 7 mil foram classificados sob risco de colapsar no futuro próximo, indica o artigo. 

Entre 2014 e 2020, a destruição de 86 edifícios da cidade e o colapso parcial de 201 resultaram em 85 mortes. 

Diversas regiões costeiras do mundo têm sido ameaçadas pela rápida ascensão do nível do mar: é o caso de ilhas afastadas da Oceania, como Tuvalu; e mesmo da costa da Califórnia, nos Estados Unidos, em que o nível do mar tem subido duas vezes mais rápido desde 2018, de acordo com dados da NASA.

Leia mais: Regiões costeiras da Califórnia estão afundando e nível do mar sobe 2 vezes mais rápido, afirma NASA | Revista Fórum

De acordo com previsões do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o nível médio do mar deve aumentar entre 24 e 32 cm até 2050, e pode chegar a 80 cm em 2100.

Apesar de ser um fenômeno físico comum, que ocorre periodicamente e pode ser influenciado por fatores geológicos naturais — como a mudança nos padrões das marés —, tem sido intensificado pelos efeitos das mudanças climáticas, responsáveis por aumentar a temperatura dos oceanos e pelo rápido derretimento das calotas polares (que concentram cerca de 2% de toda a água do planeta).

"Nós estamos observando o desaparecimento gradual de cidades costeiras históricas, e Alexandria está soando o alarme", disse, em comunicado, um dos autores do estudo, Essam Heggy. "O que um dia pareceu um risco distante das mudanças climáticas agora é uma realidade".

A erosão causada pelo aumento do nível do mar faz com que o solo lentamente afunde sob as bases estruturais dos edifícios, explica o artigo, e isso causa seu enfraquecimento e colapso iminente.

Além disso, os espaços costeiros de Alexandria têm diminuído consideravelmente desde 1935, de uma forma similar ao fenômeno ocorrido na Califórnia. 

Análise de regiões costeiras de Alexandria ao longo dos anos. Créditos: Essam Heggy/ Sara Fouad.

A partir de imagens comparadas obtidas de satélites, os pesquisadores determinaram que algumas regiões da cidade já tiveram uma redução de até 36 metros na sua linha costeira, devido à erosão dos solos causada pelo avanço do mar. 

Uma das alternativas apontadas para combater a deterioração foi a construção de barricadas feitas de areia, a fim de elevar os edifícios e diminuir seu contato com a água. 

Alexandria já foi uma das cidades mais importantes do mundo. Fundada em cerca de 331 a.C. pelo imperador Alexandre, o Grande, permaneceu capital do Egito durante quase mil anos, e é conhecida por ter abrigado a Biblioteca de Alexandria — a maior do mundo antigo —; o Farol de Alexandria, considerado uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo; e as catacumbas de Kom el Shoqafa, um sítio arqueológico funerário que guarda evidências de romanos egípcios dos séculos 1 e 4 a.C.

 

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