Nesta terça-feira (18), o Serviço de Informações do Estado do Egito anunciou a descoberta, feita por um time de arqueólogos do Egito e do Reino Unido, de uma tumba faraônica perdida — a primeira descoberta dessa espécie em mais de 100 anos.
A última tumba faraônica havia sido descoberta no Egito em 1922: era a tumba de Tutancâmon, o "Faraó menino do Egito", que governou na 18ª dinastia, durante o período do Novo Império.
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Seu túmulo foi encontrado quase inteiramente intacto, e as hipóteses a respeito de sua morte variavam entre uma possível infecção, causada por uma fratura na perna (que foi identificada por imagens de tomografia feitas em seu corpo mumificado); malária (como poderiam indicar algumas amostras de seu DNA) ou uma doença genética derivada de suas relações consanguíneas.
Outra hipótese chegou a ser levantada acerca de um assassinato com golpe desferido na cabeça, mas os exames do corpo nunca puderam confirmá-la.
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A tumba descoberta agora, após 100 anos sem pistas sobre o paradeiro de líderes dinásticos do Egito, foi a do faraó Tutmés II, também da 18ª Dinastia, cuja idade foi estimada em cerca de 3.500 anos.
Tutmés II governou no Egito Antigo sob forte influência de sua esposa e meia-irmã, Hatchepsut, entre 1493 a.C. e 1479 a.C. Apesar de ser filho de uma esposa secundária de Tutmés I, sua ascensão foi estável, e ele guiou o Império durante as rebeliões ocorridas em Núbia e em Canaã, garantindo a continuidade de seu governo.
Tutmés II morreu ainda jovem, provavelmente devido a problemas de saúde. Seu filho, Tutmés III, foi considerado um dos maiores conquistadores do Egito.
A partir de um projeto de escavação que se iniciou ainda em 2022, conduzido pelo Conselho Supremo de Antiguidades do Egito, em colaboração com a Fundação de Pesquisa New Kingdom, do Reino Unido, foi possível descobrir o corredor principal em que estava localizada a Tumba C4, atribuída a Tutmés II. A descoberta foi feita no Vale C, a oeste de Luxor, cidade ao sul do Egito e antiga Tebas, capital dos faraós entre os séculos 16 e 11 a.C.
A tumba fora inicialmente atribuída a um "consorte real", devido à sua proximidade com os túmulos das esposas de Tutmés III e da Rainha Hatshepsut, afirma o Conselho. Mas investigações posteriores confirmaram que aquele era, na verdade, o local de sepultamento de Tutmés II.
Foram descobertos na tumba fragmentos de jarras de alabastros com inscrições no nome de Tutmés II e sua esposa principal, a Rainha Hatshepsut, também sua meia-irmã.
"Apesar de sua significância, a tumba foi encontrada em más condições", explica um dos coordenadores da expedição, Mohamed Abdel Badei, "porque havia sido inundada logo após a morte do rei". Os danos causados pela água levaram a uma deterioração severa do local de sepultamento, e muitos itens foram perdidos ou realocados ao longo do tempo, diz Badei.
Entre os itens restaurados, no entanto, estão "partes de gesso caídas, adornadas com desenhos intrincados, inscrições azuis e estrelas amarelas", além de elementos do Livro de Amduat, um texto religioso importante e comumente usado em tumbas reais.
O time de arqueólogos deve, agora, continuar os esforços de pesquisa e avançar nas escavações, a fim de encontrar mais peças do quebra-cabeças faraônico.