As cheias de rios do Amazonas se tornam cada vez menos frequentes, com padrões de chuvas e secas afetados pelas consequências das mudanças climáticas. Em 2024, o rio Solimões atingiu seu menor nível já registrado, com -0,94 metro, em meio a uma seca histórica intensificada pelas queimadas que se estendiam pela Amazônia.
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Mas, quando as cheias ocorrem, para onde vão as espécies terrestres de grande porte que habitam a região da floresta? Foi o que pesquisadores do Instituto Mamirauá, centro de pesquisa de biodiversidade do Amazonas, quiseram descobrir.
Para isso, monitoraram 14 onças-pintadas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Mamiruá, que se estende por mais de 1 milhão de hectares, na confluência entre Solimões e Japurá, cujo pico das cheias costuma ocorrer entre abril e junho, período que coincide com a estação chuvosa na Amazônia, quando os rios recebem um grande volume de água de seus afluentes.
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Foram colocados nas onças colares com GPS, que as monitoraram durante 538 dias, em diferentes períodos do ano, por um território de quase 4 km².
O que se descobriu foi surpreendente: quando os rios enchem, as onças não diminuem seu território — como acreditavam, inicialmente, os pesquisadores —, mas algumas delas chegam inclusive a expandi-lo.
E a maioria se abriga nas copas das árvores, escalando árvores e galhos a fim de se manter a salvo do nível do rio.
Durante o dia, elas dormem nas árvores, e o que comem depende do que está disponível: de acordo com os pesquisadores, as presas durante o período das cheias podem variar entre macacos e preguiças, dada a indisponibilidade de caçar animais no solo.
Enquanto algumas onças, como as pantaneiras, costumam pescar, as onças da Amazônia foram as únicas a demonstrar a adaptação em árvores, afirmam.