ARQUEOLOGIA

Análise de fóssil africano revela nova espécie de hominídeo parente dos humanos

A partir de um fragmento fossilizado de mandíbula, datado em cerca de 1,4 milhão de anos, cientistas puderam reclassificar a taxonomia dos hominídeos antigos com a adição de uma nova espécie entre os parentes dos humanos modernos

Reconstrução facial de hominídeo do gênero Paranthropus.Créditos: free source
Escrito en CULTURA el

De acordo com um estudo publicado no volume de março do periódico Journal of Human Evolution, a análise de um fragmento fossilizado de mandíbula datado em 1,4 milhão de anos revelou um novo espécime de hominídeo parente do gênero Homo — o Paranthropus capensis, que existiu no sul da África durante o Pleistoceno Inferior [entre 355.000 e 1,81 milhões de anos atrás]. 

Os cientistas atribuem a mandíbula, descoberta ainda em 1949, cuja idade está estimada em até 1,4 milhão de anos, a uma espécie até então não classificada do gênero Paranthropus. As três espécies já conhecidas eram a Paranthropus boisei, Paranthropus aethiopicus e Paranthropus robustus. Elas são parentes próximas do gênero Homo, de que derivam os Homo sapiens, e evoluíram, assim como ele, de um ancestral comum: o Australopitecus.

Chamado SK 15, esse fóssil fora encontrado na caverna africana de Swartkrans, um sítio arqueológico da África do Sul. As primeiras análises o ligavam a uma espécie de hominídeo primitivo, o Telanthropus capensis. Em seguida, ele chegou a ser associado ao Homo ergaster ou Homo erectus, espécie que viveu na África há cerca de 1,8 milhão de anos, e um dos primeiros membros do gênero Homo, que deu origem aos humanos modernos.

Fragmento de mandíbula fossilizado. Créditos: Zanolli et al.

O novo artigo, no entanto, busca esclarecer a taxonomia do SK 15 a partir de microtomografia de raios X que investiga "aspectos da organização estrutural de ossos e dentes [do fóssil]", dizem os cientistas. 

As análises morfométricas foram feitas para avaliar o formato da arcada dentária e o contorno da mandíbula fossilizada. 

Enquanto o formato da mandíbula pode aproximar o fóssil àquele de um australopiteco — uma espécie primitiva, originada na África, de que evoluíram os gêneros Homo, Paranthropus, e Kenyanthropus —, a análise de sua arcada dentária o classificaria como um Paranthropus, diz o estudo. 

Mas, "no geral, os resultados mostraram que o SK 15 recai, inequivocamente, fora da variação de H. erectus/H. ergaster, e que é mais compatível com a morfologia do Paranthropus", concluíram os cientistas.

Além disso, o SK 15 "difere consideravelmente, em tamanho e morfologia, dos restos mandibulares de P. robustus", a espécie endêmica da região em que a mandíbula foi descoberta.

Isso significa que o fóssil pertence, na verdade, a uma outra espécie de Paranthropus, que ainda não havia sido classificada entre as existentes atualmente sob esse gênero.

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