Espécie descoberta por Darwin e ameaçada de extinção tem 33 novos nascimentos: "Momento histórico"

Após avistar a redução de até 90% de sua espécie, os indivíduos ameaçados de extinção trouxeram à vida 33 novos filhotes, um momento histórico nos esforços para sua conservação

Parque do Tantauco, Chile.Créditos: Damos una vuelta
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Nesta segunda-feira (3), o Zoológico de Londres informou em comunicado que 11 indivíduos de uma espécie sob risco de extinção produziram 33 novos filhotes.

Em outubro de 2024, um total de 53 indivíduos da espécie passaram por uma longa viagem, de 11 mil quilômetros em 35 horas (entre seis horas de barco, 15 horas de carro e 14 horas de avião), para sobreviver: foram transportados de seu habitat natural, as florestas temperadas do Chile, do Parque Tantauco, ao zoológico londrino, que recebeu os espécimes de sapos-de-Darwin (do gênero Rhinoderma) e esta semana pôde ver 11 deles tornando-se "pais". 

Espécime de sapo-de-Dawin. Créditos: London Zoo.

A espécie, que se chama assim por ter sido descoberta por Charles Dawin no século XIX, havia sido quase inteiramente dizimada por uma espécie de fungo, o fungo quitrídio (Batrachochytrium dendrobatidis, Bd), altamente letal para anfíbios. É um fungo microscópico, que se manifesta no habitat dos sapos-de-Darwin e afeta sua pele, impedindo a troca de eletrólitos natural e, eventualmente, causando falência cardíaca. 

No Parque Tantauco, que funcionava como um santuário dessa espécie, os sapos-de-Darwin avistaram uma redução de até 90% de sua população. A operação que os levou ao zoológico britânico foi difícil e envolveu a captura de rãs minúsculas, de menos de 3 centímetros e coloração capaz de se camuflar na vegetação (que pode variar entre um tom de verde ou marrom escuro). 

Mas as buscas foram bem-sucedidas: 55 rãs foram capturadas, e então seus tecidos foram testados para checar a contaminação pelo fungo letal que vem dizimando a espécie. 53 delas, felizmente, estavam saudáveis e prontas para viajar. 

Os 11 sapos machos que se reproduziram no Zoológico de Londres carregavam seus girinos dentro de seus sacos vocais. Os girinos permanecem ali em segurança enquanto ocorre seu desenvolvimento para filhotes, um modo de reprodução único entre os anfíbios.

Duas semanas após a fêmea depositar os ovos no solo úmido, o macho engole os ovos em estágio avançado e os armazena na sua bolsa vocal, onde permanecem recebendo nutrientes através das secreções do pai. O processo dura cerca de 50 a 70 dias, e então os sapos são liberados do saco vocal paterno quando estão completamente formados.

Quando expelidos, os filhotes ainda são muito pequenos: pesam menos de dois gramas e medem menos e três centímetros.

"Esses sapos podem ser pequenos, mas desempenham um papel enorme na proteção de suas espécies e no combate ao fungo quitrídio", afirma, em publicação, o Zoológico de Londres.

Ben Tapley, o curador de anfíbios do Zoológico de Londres, descreveu este como um “momento histórico” nos esforços para a conservação da espécie.

Veja, aqui, o vídeo compartilhado pela instituição sobre o resgate dos animais.

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