A população mundial chegou a 8,2 bilhões, segundo a ONU, e pode atingir 10,3 bilhões na década de 2080. No entanto, novas pesquisas indicam que esse número pode estar subestimado, especialmente em áreas rurais, onde a contagem pode ser até 84% menor do que a realidade.
Pesquisadores da Universidade Aalto, na Finlândia, analisaram 307 projetos de barragens em 35 países, como China, Brasil e Austrália, para estimar o deslocamento populacional. Ao comparar os dados das áreas afetadas com cinco bases populacionais globais, identificaram que as estimativas oficiais subestimam, em média, 53% das populações rurais.
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“Ficamos surpresos com a magnitude dessa sub-representação”, afirmou Josias Láng-Ritter, pesquisador do estudo, à New Scientist. O estudo foi publicado na revista Nature Communications.
Impactos da subcontagem
A maioria das bases de dados populacionais é mais precisa em centros urbanos, onde há melhor estrutura para registro. Já em áreas rurais, recenseadores enfrentam dificuldades de acesso, e imagens de satélite muitas vezes não capturam pequenas comunidades dispersas ou encobertas por vegetação.
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A falha tem consequências diretas: governos e organizações usam esses dados para planejamento de infraestrutura, distribuição de recursos e resposta a emergências. Uma população subestimada pode resultar em menos investimentos em saúde, infraestrutura e políticas públicas.
O debate
Os pesquisadores finlandeses evitam cravar um novo número para a população mundial, reconhecendo que o estudo se concentra em áreas específicas. Além disso, parte dos dados analisados vem da China e da Ásia, onde a subcontagem já é um problema conhecido, o que pode não se aplicar a países com sistemas mais rigorosos de registro.
Mesmo assim, Láng-Ritter acredita que a pesquisa revela um problema global. “As áreas analisadas são diversas e nos dão uma boa amostra da realidade mundial”.
O estudo reforça a necessidade de aprimorar os métodos de contagem populacional e ampliar o mapeamento de comunidades isoladas. A equipe pretende atualizar a análise com dados mais recentes, já que a pesquisa atual cobre apenas até 2010.
