Efeito Lula: desmatamento na Amazônia é o menor para fevereiro desde a série histórica, diz Inpe

Redução é de 64,3% em relação a fevereiro do ano passado, quando o desmatamento somou 227 km²; região abrange 59% do território brasileiro

Floresta Amazônica tem queda no desmatamento em fevereiro.Créditos: Marcelo Camargo / Agência Brasil
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Pela primeira vez, o alerta de desmatamento na Amazônia Legal registra o valor mais baixo para o mês de fevereiro. Segundo dados atualizados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento em fevereiro de 2025 somou apenas 81 km², o menor valor desde o início da série histórica, em 2016, quando o desmatamento atingiu 115 km². A área é aproximadamente o tamanho do município de Vitória (ES), a menor capital do Brasil em termos de extensão territorial.

Em 2024, sob o governo Lula, o desmatamento teve uma redução significativa, afetando 79 km² de floresta. No entanto, em 2025, voltou a crescer para 133 km², ainda inferior aos 198 km² registrados em 2023. O Inpe aponta que a redução é de 64,3% em relação a fevereiro de 2024, quando o desmatamento somou 227 km², é uma queda expressiva.

A Amazônia Legal abrange 59% do território brasileiro e inclui 9 estados. O Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) monitora diariamente a região e constatou uma redução de 74,8% no desmatamento em comparação com fevereiro de 2023. 

O governo federal atribui a queda geral do desmatamento ao aumento da fiscalização e a políticas de preservação, mas especialistas alertam para a necessidade de monitoramento contínuo e investimentos a longo prazo. No último mês, o Mato Grosso liderou o desmatamento com 29 km², seguido por Roraima (18 km²), Pará (15 km²) e Amazonas (11 km²).

Crise climática avança

Em contrapartida, a crise climática está intensificando a seca ao longo das décadas. Um estudo do próprio Inpe revela um cenário preocupante para o Brasil: o número de dias consecutivos sem chuva aumentou em 25% nos últimos 60 anos, passando de uma média de 80 para 100 dias. Além disso, nos últimos 30 anos, o número de dias com ondas de calor mais que quadruplicou.

A pesquisa, que comparou dados climáticos entre os períodos de 1961 a 1990 e de 1991 a 2020, indica que a estiagem está se tornando cada vez mais frequente e prolongada em diversas regiões do Brasil. Essa tendência, segundo especialistas, é mais um forte indicativo dos impactos das mudanças climáticas no país.

A prolongada ausência de chuvas traz diversas consequências negativas, como a diminuição dos níveis dos reservatórios, a redução da produção agrícola, o aumento dos riscos de incêndios florestais e a intensificação da crise hídrica em diversas cidades, como vem sendo observado desde junho de 2024.

A população amazônica enfrentou grandes dificuldades em 2024 devido a uma seca devastadora que atingiu os rios da região, forçando todos os municípios a declararem situação de emergência. No entanto, o início deste ano trouxe alívio, com uma subida acelerada das águas, sinalizando o começo do período de cheia. 

O Rio Negro, em Manaus, atingiu 21 metros em fereveiro, um aumento de 50 centímetros em relação a janeiro do ano passado. As chuvas na capital contribuíram para a elevação do nível, que em 2023 marcou o menor valor em mais de 120 anos.

 

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