Maior cordilheira da América Latina começou a ser formada no Triássico, há 200 milhões de anos

Formada pela interação entre forças externas de natureza tectônica, as montanhas da cordilheira se constituíram ao modo de um quebra-cabeças — por centenas de milhares de anos.

Cordilheira dos Andes.Créditos: Wikipedia
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A Cordilheira dos Andes, cadeia de montanhas que se estende ao longo da costa ocidental da América do Sul, por cerca de oito mil quilômetros de extensão — da Patagônia até o mar do Caribe (envolvendo Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e o oeste da Venezuela) —, tem em seu ponto culminante a cerca de sete mil metros de altitude. 

Essa cadeia de montanhas data de mais de 200 milhões de anos atrás, com sua fase de formação mais antiga remontando a 200 milhões de anos, durante o período Terciário da era Triássica.

De acordo com pesquisadores da Universidade do Chile, liderados por José Joaquín Jara, geólogo do Centro de Excelência em Geotermia dos Andes (CEGA), foi a atividade intensa de magmatismo no interior da cordilheira, ocorrida ao longo de um período de quase 120 milhões de anos — e em seis episódios plutônicos distintos —, aquilo que determinou a configuração das montanhas. 

A partir de modelos baseados em petrocronologia e análises de rochas dos Andes, os pesquisadores identificaram os episódios que resultaram em "uma interação complexa entre manto, crosta, laje e sedimentos", usando zirconitas como medidores de tempo geológico.

Os Andes foram moldados "pela subducção, durante vários estágios de magmatismo, [ocorridos] ao longo de 100 milhões de anos, que teve início no Triássico Superior e se estendeu até o início do Cretáceo Superior", dizem os pesquisadores.

Apesar disso, "a complexa relação entre seus múltiplos episódios magmáticos, mudanças geotectônicas e fontes de magma ainda é mal compreendida".

A partir de análises minerais, os cientistas puderam identificar "padrões temporais em arcos magmáticos de longa duração", e concluíram que cada episódio plutônico ocorrido nos Andes contribuiu com características geoquímicas distintas à sua formação, que podem ser usadas para traçar a evolução do arco das montanhas andinas. 

Um episódio plutônico é aquele em que a atividade magmática aumenta em profundidade, o que resulta na formação de rochas ígneas (que se cristalizam na crosta da Terra a partir do resfriamento de magma, mas não atingem a superfície). 

Os Andes começaram a ser erguidos durante o Triássico superior, quando as atividades de subducção começaram na costa sudoeste do continente de Gondwana (supercontinente do hemisfério sul que compreendia América do Sul, África, Antártica, Austrália, Índia e Madagascar). 

Composição de imagens de satélite da parte sul da cordilheira. Créditos: NASA World Wind

Seus primeiros episódios plutônicos causaram um "afinamento gradual e contínuo da costa continental", explicam os pesquisadores. As atividades de subducção, além disso, levaram a um desacoplamento de placas, afinando a crosta continental e contribuindo com a formação de atividades vulcânicas extensas na região.

As várias camadas que formam a cordilheira foram originadas em diversos episódios que misturavam atividades geológicas de subducção e vulcanismo, isto é, os movimentos do magma no interior da crosta, que esfriavam e se solidificavam ao longo do tempo, dando origem às cadeias montanhosas.

Esses episódios podem ser atribuídos ao efeito de forças externas de natureza tectônica, diz o estudo, que originaram as montanhas ao modo de um quebra-cabeças de longo período — por centenas de milhares de anos.

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