Meta de aumento de 1,5ºC de Acordo de Paris já foi ultrapassada, diz estudo

Publicadas na revista Nature Climate Change, pesquisas reforçam a dificuldade global em conter a crise climática

Créditos: Foto: Reprodução/Metsul
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Enquanto as regiões sudeste e sul do Brasil enfrentam onda de calor extremo, os registros globais de calor também continuam a ser superados, indicando um cenário preocupante para as condições de vida no planeta.  Dois estudos recentes apontam que o aquecimento global pode já ter ultrapassado a meta do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura a 1,5°C.

Publicadas na revista Nature Climate Change, as pesquisas reforçam a dificuldade global em conter a crise climática. O alerta surge pouco após o renomado cientista James Hansen advertir que o planeta pode ultrapassar os 2 graus de aquecimento nas próximas décadas, caso as emissões de gases de efeito estufa não sejam reduzidas drasticamente.

Apesar de cientistas indicarem que cortes imediatos nas emissões poderiam reverter esse cenário, a falta de ações concretas reduz essa possibilidade. A retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris em janeiro de 2025 pelo governo Trump e a possibilidade de países como Argentina e Indonésia seguirem o mesmo caminho fragilizam ainda mais os esforços internacionais.

O Acordo de Paris, assinado em 2015, estabelece o compromisso de manter o aquecimento global bem abaixo dos 2 graus em relação à era pré-industrial, com um esforço adicional para limitar a 1,5°C. O objetivo é evitar impactos extremos, como ondas de calor intensas, secas prolongadas, inundações e incêndios florestais, que ameaçam tanto populações humanas quanto ecossistemas.

O estudo liderado pelo pesquisador Alex Cannon, do governo canadense, sugere que há uma probabilidade entre 60% e 80% de que o limite de 1,5 grau já tenha sido ultrapassado, considerando que os últimos 12 meses registraram temperaturas nesse patamar. Se essa tendência persistir por 18 meses consecutivos, a violação do Acordo de Paris será praticamente inevitável.

Outra pesquisa, conduzida por Emanuele Bevacqua, do Helmholtz Centre na Alemanha, utilizou modelos climáticos para demonstrar que 2024 pode ter sido o início de um período prolongado em que a média global de temperatura ultrapassa 1,5°C. Os cientistas enfatizam que, embora ainda seja possível mitigar os impactos, o tempo para agir está se esgotando.

Diante desse quadro, especialistas alertam que, se nada for feito, o planeta pode seguir um caminho irreversível rumo a um aquecimento de 3°C , com consequências devastadoras, incluindo o derretimento acelerado das calotas polares e a elevação do nível do mar. Para o professor Richard Allen, da Universidade de Reading, é fundamental intensificar os esforços para impedir que o aumento da temperatura chegue aos 2°C.

Por outro lado, James Hansen já considera a meta de 1,5°C inalcançável, afirmando que o ritmo do aquecimento global tem sido ainda mais acelerado devido à redução de poluentes na navegação marítima, que anteriormente ajudavam a refletir parte da radiação solar.

 

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