O Bezos Earth Fund, fundo criado por Jeff Bezos com US$ 10 bilhões para financiar iniciativas ambientais, decidiu encerrar o apoio à Science Based Targets initiative (SBTi). A organização, que avalia se as metas de redução de emissões corporativas estão alinhadas com o Acordo de Paris, tinha o fundo de Bezos como um de seus principais financiadores, ao lado da Fundação Ikea. Juntos, ambos representavam 61% do orçamento da entidade em 2023.
De acordo com representantes do Bezos Earth Fund e da SBTi, o financiamento, que somava US$ 18 milhões, fazia parte de um compromisso de três anos e chegou ao fim sem que uma nova rodada de investimentos fosse definida. No entanto, há preocupação entre pesquisadores e conselheiros da SBTi de que a decisão faça parte de um movimento maior de bilionários norte-americanos que estão se afastando de iniciativas climáticas, em meio à postura do ex-presidente Donald Trump, que já classificou a crise climática como uma “farsa”.
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Doreen Stabinsky, membro do conselho técnico da SBTi, afirmou ao jornal The Guardian que Bezos estaria cedendo às pressões políticas vindas de Trump, assim como outros magnatas. Segundo ela, esse movimento acompanha a retirada dos seis maiores bancos dos Estados Unidos de um acordo global de redução de emissões, antecipando uma possível nova gestão do republicano na Casa Branca.
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O governo Trump já implementou cortes em subsídios para pesquisas climáticas e revisou conteúdos oficiais, removendo menções à crise ambiental. Para Stabinsky, a administração republicana tem sido agressiva na oposição a iniciativas empresariais voltadas ao combate às mudanças climáticas.
Kelly Stone, analista da ActionAid USA, observa que a decisão de Bezos reflete um recuo corporativo mais amplo em compromissos ambientais. Já Peter Riggs, diretor da Pivot Point, alerta para as consequências dessa movimentação no setor financeiro. “O que se vê em Washington é um esforço deliberado não apenas para marginalizar as energias renováveis, mas para eliminá-las”, afirma.
A SBTi confirmou que o financiamento do Bezos Earth Fund expirou em dezembro de 2024. Um porta-voz do fundo esclareceu que não houve solicitação de renovação da parceria, e, até o momento, nenhuma decisão sobre novos investimentos foi tomada.
Bigtechs acenam para Trump
Está semana, a Google anunciou a remoção o Mês do Orgulho LGBT, juntamente com o Mês da História Negra e o Dia da Memória do Holocausto do seu calendário. De acordo com analistas, a decisão também seria uma aproximação da agenda trumpista. Ao portal The Verge, o Google afirmou que o "Google Agenda estava adicionando manualmente o que eles descreveram como um 'conjunto mais amplo de momentos culturais em um grande número de países ao redor do mundo' e que manter isso em escala global não é sustentável". A empresa não informou se, caso os usuários do aplicativo queiram adicionar outras datas, poderão fazê-lo manualmente ou não.
Em janeiro, logo após a posse de Trump, a Meta e McDonald's também anunciaram o fim de suas políticas internas para diversidade