Os incêndios que atingem as províncias de Neuquén, Río Negro e Chubut, além de dois parques nacionais, já devastaram 37.601 hectares, o equivalente ao dobro da área da cidade de Buenos Aires, conforme relatório do Greenpeace. As chamas têm consumido florestas e residências, intensificando a crise ambiental na região.
Diante da gravidade da situação, a organização ambientalista cobrou medidas urgentes para ampliar a prevenção e fortalecer as equipes de bombeiros, além de melhorias na infraestrutura para um combate mais eficiente aos focos de incêndio.
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"Os incêndios nas florestas andino-patagônicas da Argentina representam uma tragédia ambiental sem precedentes nas últimas três décadas. Trata-se de um verdadeiro ecocídio. O impacto é gigantesco, atingindo profundamente dois parques nacionais, e a recuperação completa dessas áreas pode levar até dois séculos", afirmou Hernán Giardini, coordenador da campanha Florestas Argentinas do Greenpeace.
Giardini também alertou para a necessidade de preparar o país para o agravamento da crise climática e o aumento da frequência de incêndios. "As lideranças políticas precisam encarar essa realidade com seriedade e parar de minimizar os riscos", pontuou. Segundo ele, medidas mais robustas são essenciais tanto em nível nacional quanto estadual para conter a proliferação dos incêndios, que, impulsionados pelo vento, pela seca e pela presença de espécies exóticas como os pinheiros, rapidamente se tornam incontroláveis.
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Um levantamento do Greenpeace apontou que, entre outubro de 2023 e março de 2024, a área consumida pelo fogo na região das Florestas Andino-Patagônicas foi de 7.747 hectares. A organização também destacou que 95% dos incêndios têm origem humana, seja por ação intencional, negligência ou acidentes, como fogueiras mal apagadas e queimadas para abertura de pastagens.
Além dos incêndios no sul, a entidade ambientalista denunciou o desmatamento ilegal no norte do país. "Enquanto as chamas avançam na Patagônia, metade do desmatamento no norte acontece fora da lei. É urgente frear essa destruição e garantir que crimes ambientais sejam devidamente punidos", declarou Giardini.
O governo de Javier Milei lassificou os responsáveis pelos incêndios como "terroristas". Durante visita a El Bolsón, uma das cidades mais atingidas, a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, garantiu que o Estado será "implacável contra aqueles que provocam incêndios, destroem propriedades e florestas".
Apesar do discurso, o governo de Milei executou apenas 26% do orçamento para incêndios, o nível mais baixo dos últimos anos, segundo a imprensa local.
Governo acusa povos originários
Depois do chefe de Gabinete, Guillermo Francos, acusar a participação do grupo Resistência Ancestral Mapuche (RAM), que a gestão Milei tenta classificar como uma "organização terrorista", pesquisadores e representantes das comunidades mapuches contestam a existência do grupo como uma entidade estruturada, apontando a falta de provas concretas.
A ativista mapuche Moirá Moillán criticou as acusações e denunciou o que considera uma perseguição política. Em entrevista à agência EFE, ela relatou "prisões arbitrárias e ameaças de morte" direcionadas a membros da comunidade. "Que sentido faria um mapuche provocar incêndios que deixam nossos próprios idosos e irmãos sem lar?", questionou, destacando que as chamas também prejudicam a população indígena local.