Agronegócio é o setor que mais perde dinheiro com eventos extremos na Amazônia

Um dos principais responsáveis pela crise climática, agro sofreu prejuízo de mais de R$ 40 bilhões entre 1991 e 2024

Desmatamento ilegal na Terra Indígena Pirititi, em Roraima.Créditos: Felipe Werneck/Ibama
Escrito en MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE el

Um dos principais setores responsáveis pela crise climática, o agronegócio é também o que mais sai perdendo financeiramente devido aos eventos extremos na Amazônia provocados pelo fenômeno. Um levantamento feito pela InfoAmazonia revelou que o setor concentrou 80% dos prejuízos econômicos registrados na região entre 1991 e 2024 - foram cerca de R$ 40,5 bilhões perdidos neste período. 

Ao todo, foram R$ 51,1 bilhões em prejuízo, divididos entre comércio (R$ 1,5 bilhão), indústria (R$ 1,1 bilhão), serviços (R$ 868 milhões), poder executivo municipal e o agro (40,5 bilhões). A análise considerou danos financeiros resultantes de inundações, secas, erosões, incêndios, alagamentos, vendavais, ciclones, deslizamentos e granizo, entre outros eventos climáticos.

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Os principais eventos extremos que causaram prejuízo para o agro foram a seca e a estiagem, responsáveis por um déficit de R$ 17.168.123.228 desde 1991. Em segundo lugar aparecem as chuvas intensas (R$ 15.306.002.911) e as inundações (R$ 4.319.376.963), que foram o evento extremo mais registrado em 2024, correspondendo a 21% dos 7.548 eventos climáticos registrado pelo Sistema Integrado de Informações sobre Desastres. Em seguida, aparecem os incêndios (18%) e as estiagens e secas (17%). 

A Amazônia concentrou 19% do total dos eventos climáticos ocorridos no ano passado, que bateu recorde no número de registros. Além disso, a região também teve 23% de todo prejuízo financeiro (R$ 11,8 bilhões). No ano de 2024, o evento extremo mais registrado no bioma foram os incêndios florestais (43%). O país viveu uma explosão no número de casos de incêndios, chegando a perder uma área equivalente ao tamanho da Itália. 

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“Uma característica das mudanças climáticas é o aumento de eventos tanto pela escassez quanto pelo excesso. Seja por ondas de calor, por episódios de seca ou por chuvas intensas que trazem consigo deslizamentos, vendavais e inundações de grande porte. Esse tipo de situação a gente tem acompanhado e tem sim a tendência de aumentar”, afirma Rafael Luiz, tecnologista de desastres naturais do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), à InfoAmazonia

Estados mais afetados

Os estados de Mato Grosso e Pará foram os que mais sofreram prejuízos financeiros devido aos eventos climáticos entre 1991 e 2024: R$ 28 bilhões e R$ 7 bilhões, respectivamente. Vale ressaltar que Mato Grosso é considerado o "berço do agro" por ser o estado que mais produz para o setor. Entre os dez municípios da Amazônia Legal mais prejudicados, seis estão no Mato Grosso. Rondonópolis (MT), a cidade do agro, ocupa o primeiro lugar no ranking, com prejuízo de mais de R$ 5 bilhões.

O município de Sorriso (MT) aparece em segundo lugar. No ano passado, foi um dos municípios que mais sofreram com a seca na Amazônia, tendo passado o ano inteiro neste cenário, que prejudicou desde as plantações e colheitas até a criação de gado. A cidade sofreu prejuízo de R$ 4 bilhões.

Já em relação ao Pará, quatro dos dez municípios estão localizados no estado, que será sede da Conferência das Partes sobre o Clima, a COP-30, em novembro, na capital do estado paraense, Belém. 

Pecuária e agricultura: 1,68 bilhão de toneladas de carbono emitidas

O agronegócio é o principal responsável, direta e indiretamente, pelas emissões de gases do efeito estufa que intensificam a crise climática e provocam eventos extremos. Em 2023, a pecuária e a agricultura emitiram 1,68 bilhão de toneladas de carbono equivalente - o que  corresponde a 73% das emissões do país - segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG).

*Com informações de InfoAmazonia.

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