Diversidade genética está em queda no mundo; entenda por que isso é perigoso

Levantamento considerado a avaliação mais abrangente já realizada sobre o tema abrangeu 628 espécies, incluindo animais, plantas, fungos e cromistas

Créditos: ICMBIO/divulgação
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Um estudo recentemente publicado na revista Nature revelou que a diversidade genética de animais e plantas sofreu uma redução significativa ao longo das últimas três décadas. A análise, que avaliou mais de 600 espécies, constatou que dois terços das populações examinadas apresentaram queda na variabilidade genética. 

O estudo revelou que 65% das populações analisadas enfrentam perturbações ecológicas, incluindo impactos decorrentes da atividade humana e mudanças no uso do solo. No entanto, os pesquisadores identificaram que mesmo populações sem registros diretos de interferências ambientais sofreram redução genética, indicando uma perda contínua e global da diversidade genética.

A pesquisa foi conduzida por uma equipe internacional de cientistas, que revisaram 882 estudos sobre alterações na diversidade genética entre 1985 e 2019. O levantamento abrangeu 628 espécies, incluindo animais, plantas, fungos e cromistas, caracterizando-se como a avaliação mais abrangente já realizada sobre o tema.

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Em entrevista ao The Guardian, a professora associada Catherine Grueber, da Universidade de Sydney, chama atenção para variabilidade genética dentro de uma espécie como sendo essencial para sua adaptação a mudanças ambientais. Ela explica que, diante de ameaças como novas doenças ou extremos climáticos, indivíduos com características genéticas específicas podem resistir melhor às adversidades e transmitir essas características às próximas gerações, garantindo a sobrevivência da população.

A preservação da diversidade genética, tanto em espécies selvagens quanto domesticadas, é um dos compromissos assumidos na conferência sobre biodiversidade COP15, realizada em 2022. Entre as principais causas para a perda de diversidade genética, Grueber destaca fatores como destruição de habitats, mudanças climáticas, presença de espécies invasoras e disseminação de novas doenças.

Apesar do cenário preocupante, há exemplos bem-sucedidos de conservação genética. Na Austrália Ocidental, esforços para estabelecer novas populações do bandicoot dourado demonstraram que estratégias baseadas em monitoramento genético podem preservar a diversidade da espécie ao longo de gerações. Nos Estados Unidos, a introdução de inseticidas para conter a disseminação da peste entre cães-da-pradaria de cauda preta possibilitou sua recuperação e facilitou a troca genética entre grupos distintos.

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Na Escandinávia, a população de raposas-do-ártico, historicamente afetada pelo comércio de peles e pela concorrência com raposas-vermelhas, beneficiou-se de estratégias de alimentação suplementar e controle populacional das espécies concorrentes. Essas medidas levaram a um aumento da diversidade genética da espécie na região.

Grueber enfatiza a importância da manutenção da diversidade genética nos ecossistemas naturais e reforça que há métodos eficazes para evitar novas perdas. A meta-análise incluiu espécies de 141 países e contemplou mais de 500 espécies animais, ressaltando a escala global do desafio da conservação genética.

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