A depender do diretor global de sustentabilidade da maior produtora de proteína animal do mundo, Jason Weller, a JBS fará água dos compromissos que afirmou com relação às suas metas ambientais.
Em 2021, a empresa havia anunciado planos ambiciosos para zerar suas emissões de gases de efeito estufa e eliminar o desmatamento ilegal em sua cadeia de suprimentos até 2041.
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No entanto, essa postura foi recentemente questionada quando um executivo da companhia descreveu tais metas como meras "aspirações", e não considerações de fato.
"Não foi uma promessa de que a JBS realizaria isso", afirmou Weller, em uma rara entrevista concedida à Reuters. Sua declaração contradiz diretamente com campanhas publicitárias da empresa lançadas em 2021, que defendiam metas claras e traziam slogans como "Nada menos do que isso não é uma opção".
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Weller justificou a mudança no discurso afirmando que a JBS não tem "capacidade de exigir ou impor mudanças nas fazendas, tampouco de determinar como nossos clientes utilizam os produtos". Essa postura vai na contramão das expectativas de investidores e ambientalistas, que demandam ações efetivas para combater o desmatamento na Amazônia e no Cerrado, biomas diretamente impactados pela cadeia produtiva da empresa.
Nos últimos cinco anos, segundo apuração da Reuters, os investidores têm registrado pouco progresso em relação às promessas ambientais da JBS. Apesar das pressões nacionais e internacionais, a questão do impacto ambiental parece permanecer em segundo plano durante as assembleias de acionistas.
Dados da agência Morningstar Sustainalytics indicam que 17 fundos de investimento rotulados como "sustentáveis" possuem ações da JBS. Contudo, nenhum desses fundos respondeu aos questionamentos da Reuters sobre a ausência de cobranças efetivas à empresa em relação aos efeitos de suas atividades no clima e no meio ambiente.
Para Vemund Olsen, analista sênior da gestora norueguesa Storebrand Asset Management, a ausência de ações concretas por parte dos investidores é preocupante. "Poucos acionistas estão realmente utilizando sua influência para pressionar a empresa nessa questão", declarou. A Storebrand vendeu todas as suas ações da JBS em 2017, demonstrando preocupações com o impacto ambiental causado pela companhia.
*Com informações de Reuters e Folha