A Mata Atlântica é a segunda maior floresta tropical da América do Sul, estendendo-se por 17 estados brasileiros, nas costas leste, nordeste, sudeste e sul, sobre o leste do Paraguai e a costa de Misiones, na Argentina.
Até 2016, de acordo com o relatório Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, do SOS Mata Atlântica e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o bioma perdeu, em 30 anos, o equivalente à área de 12,4 cidades de São Paulo em atividades de exploração.
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O estado que lidera o ranking de exploração do bioma é Minas Gerais, com mais de 7,4 mil hectares desmatados entre 2021 e 2022, em atividades de criação de gado, culturas agrícolas e mineração.
Dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) para o setor preveem investimentos de até US$ 64,5 bilhões até 2027. As maiores receitas, de acordo com a CFEM (Compensação Financeira pela Exploração Mineral), estão no minério de ferro (com 63,9% do total), ouro (7,3%), cobre (5,0%), e alumínio (2,0%), em valores do primeiro trimestre de 2024.
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De acordo com um estudo recente do Departamento de Biologia Animal da UFV, publicado no Journal of Hazardous Materials, os impactos da mineração de ferro e alumínio na região mineira do bioma atlântico tem tido efeitos negativos sobre a fauna local, especialmente para duas espécies de morcegos: Artibeus lituratus e Sturnira lilium.
Os morcegos, que contribuem com a dispersão de sementes e a expansão de espécies da flora regional, foram estudados pelos pesquisadores por concentrarem, em quantidades superiores às de espécies de áreas preservadas, metais como alumínio, cálcio, bário e ferro no figado e nos músculos.
Essas concentrações foram identificadas nos morcegos Artibeus lituratus, com ocorrência em áreas de exploração de minério de ferro. Há, além disso, um "maior dano oxidativo no fígado e nos rins [da espécie], associado à fibrose hepática e à inflamação renal", de acordo com o portal da universidade.
Nos Sturnira lilium, que habitam regiões em que se explora o minério de alumínio, há um maior acúmulo de cálcio e bário no fígado e de cálcio, zinco e bário nos músculos, com presença de "estresse oxidativo no cérebro, fibrose hepática e inflamação renal".
"Morcegos insetívoros coletados em áreas poluídas por metais mostraram bioacumulação de metais, danos ao DNA, estresse oxidativo no sangue, pulmões e enfisema", diz o estudo, liderado pela pesquisadora Mariella Bontempo Duca Freitas, da UFV.
Esses danos prejudicam processos fisiológicos essenciais dos animais, como sua capacidade energética e suas atividades normais de dispersão, que definem o equilíbrio local do bioma e podem representar uma economia de milhões de reais anualmente — a partir de seu controle natural de insetos vetores de doenças e pragas agrícolas, por exemplo.