A Fundação SOS Mata Atlântica convoca para a Remada na Guarapiranga, uma iniciativa para conscientizar e mobilizar a sociedade sobre a urgência de proteger o reservatório que abastece milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo.
Voluntários serão convidados a participar de dois mutirões de limpeza, um na Praia do Terceiro Lago, onde começa a remada, e outro na Ilha dos Macacos (Eucaliptos). O evento também contará com o plantio de mudas nativas e atividades educativas que irão destacar a importância da Reserva de Guarapiranga e os desafios que ela enfrenta, como desmatamento e ocupação irregular, que ameaçam a qualidade da água e a sustentabilidade do manancial.
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Gustavo Veronesi, coordenador da causa Água Limpa da SOS Mata Atlântica, destaca que a remada na Guarapiranga tem como objetivo chamar atenção para a necessidade urgente de ação coletiva para proteger o local. Há anos, a organização se dedica a identificar fragilidades na preservação do reservatório e a buscar soluções para aprimorar sua conservação.
“Atuamos no Seminário Guarapiranga e no licenciamento do Rodoanel Sul, com grande impacto sobre a bacia, e estamos presentes desde a primeira edição do Abraço Guarapiranga, ação social iniciada em 2006 para alertar a população sobre a situação da represa. Desde 2003, desenvolvemos o projeto Observando os Rios, mobilizando cidadãos locais, apoiando redes comunitárias e gerando dados essenciais sobre a qualidade da água na bacia”, conta Veronesi.
Dados destacam desafios ambientais da região Guarapiranga-Billings
Segundo o relatório De Olho nos Mananciais Paulistas, elaborado pelo Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS) em 2023, a região da Guarapiranga-Billings registrou 937.700 m² de área desmatada, sendo que 82% desse total corresponde a áreas prioritárias para a conservação devido à sua importância na produção de água. A SOS Mata Atlântica aponta que esse cenário é agravado por construções irregulares e pela falta de infraestrutura sanitária.
Já dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2022 indicam que, na Bacia da Guarapiranga, municípios como Embu, Itapecerica da Serra e Embu-Guaçu apresentam uma alta porcentagem de domicílios sem coleta de esgoto, contribuindo para a poluição da represa.
Além do desmatamento e da falta de saneamento, a situação atual da Guarapiranga também é alarmante em termos de volume de água. Em novembro de 2024, o nível da represa encontra-se em 40%, similar ao período crítico de 2014, durante a crise hídrica que afetou o abastecimento da região metropolitana de São Paulo. A diferença agora é que as pressões ambientais sobre o manancial aumentaram significativamente, alertando para a iminência de uma nova crise.
A SOS Mata Atlântica, que desde 2003 monitora a qualidade das águas da Bacia da Guarapiranga por meio do projeto Observando os Rios, reforça que ações coletivas são fundamentais para amenizar os impactos da degradação. A fundação já participou de iniciativas como o Abraço Guarapiranga e o Seminário Guarapiranga, além de ter atuado em processos de licenciamento de obras com impacto direto no manancial, como o Rodoanel Sul.
O evento é realizado com apoio das organizações Projeto Limpeza na Represa, Meninos da Billings, YSCA Santo Amaro, Vivant, FECAESP, Pousada Guarapiranga, Toca da Onça e Polo Ecoturismo de São Paulo.
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