A Mata Atlântica, bioma de extrema importância para o Brasil e o mundo, emerge como um epicentro de esperança na luta pela restauração de áreas degradadas. Com uma cobertura vegetal nativa que se reduziu a menos de um terço de sua área original, a Mata Atlântica oferece as condições ideais para uma restauração em larga escala. Este cenário desponta como uma oportunidade de ouro, não apenas do ponto de vista ambiental, mas também econômico.
Ecossistema
Um estudo recente publicado na revista científica "Science Advances" identificou a Mata Atlântica como o ecossistema com o maior número de hotspots de restauração no mundo. Hotspots são áreas de alta biodiversidade e serviços ecossistêmicos que oferecem uma excelente viabilidade para projetos de restauração. A pesquisa ressalta que a Mata Atlântica se destaca, abrigando mais de 100 milhões de hectares de áreas degradadas, especialmente no Brasil, tornando-a um ponto crucial na restauração global.
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A Mata Atlântica também se destaca em termos de custo-benefício para a restauração. Um estudo do Instituto Internacional de Sustentabilidade (IIS) com o apoio do WRI Brasil identificou cerca de 5 milhões de hectares de áreas prioritárias para a restauração na região. Essa restauração poderia contribuir para a preservação de até 647 espécies em risco de extinção, sequestrar 5,6 milhões de toneladas de carbono da atmosfera e melhorar a qualidade da água em até 2,3 vezes.
Além dos benefícios ambientais, a restauração na Mata Atlântica tem um imenso potencial econômico. A restauração florestal pode gerar empregos nas áreas rurais, incluindo o plantio de árvores, manejo, produção de mudas e coleta de sementes, bem como a comercialização de produtos florestais, como madeira e produtos não madeireiros. Um estudo indicou que a restauração no Brasil gera 0,42 empregos por hectare restaurado, um fator significativo para o desenvolvimento econômico, com 44% desses empregos concentrados na Mata Atlântica.
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A restauração também desempenha um papel vital na melhoria da qualidade da água. Nas regiões metropolitanas do Brasil, onde a Mata Atlântica é predominante, a restauração de paisagens florestais pode ter um impacto direto na qualidade da água. Estudos do WRI Brasil revelaram uma redução notável da poluição por sedimentos, trazendo retornos econômicos para as empresas de abastecimento de água e benefícios ambientais para a sociedade.
Situação da restauração Atlântica
Felizmente, a restauração na Mata Atlântica já está em andamento. Inúmeras iniciativas demonstram o compromisso de diversos setores em restaurar o bioma, como o "Pacto pela Restauração da Mata Atlântica", que tem a meta ousada de restaurar 15 milhões de hectares até 2050 e já restaurou mais de 700 mil hectares até o momento. O "Conservador da Mantiqueira" é outro exemplo bem-sucedido, usando o pagamento por serviços ambientais para incentivar a conservação e a restauração em propriedades rurais. Além disso, programas como o "Reflorestar" no Espírito Santo e a "Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba" no estado de São Paulo estão contribuindo significativamente para a restauração na região.
A Mata Atlântica tem sido reconhecida internacionalmente como um ecossistema crucial para a restauração. Em 2022, a Organização das Nações Unidas (ONU), como parte da campanha da Década da Restauração de Ecossistemas, reconheceu a Mata Atlântica como uma das dez iniciativas de referência para a restauração. O Pacto pela Restauração da Mata Atlântica e a Rede Trinacional de Restauração da Mata Atlântica, que envolve organizações da Argentina, Brasil e Paraguai, foram premiados pela ONU por seus esforços de restauração no bioma.
Em resumo, a Mata Atlântica não é apenas um hotspot de restauração, mas também um exemplo de como a restauração de áreas degradadas pode promover benefícios ambientais, econômicos e sociais.