Um programa formado por 12 instituições científicas da Europa, denominado "Beyond EPICA - Oldest Ice", criado com o propósito de explorar a Antártida para encontrar, perfurar e extrair o fragmento de gelo antártico mais antigo do mundo, foi bem-sucedido em sua expedição, anunciam veículos internacionais.
Num clima marcado por temperaturas de -35°C, durante quatro verões, a equipe de cientistas encarregada da missão, liderada pelo Instituto Italiano de Ciências Polares, foi capaz de perfurar e extrair uma peça de gelo cilíndrica de 2.8 km de comprimento — maior do que a Torre Eiffel —, como nota a BBC.
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Acredita-se que o gelo mais antigo esteja datado em cerca de 1,2 milhões de anos, e que possa fornecer informações sobre os ciclos glaciais responsáveis pela quase-extinção da humanidade há milhares de anos.
Mudança nos ciclos glaciais
Entre 900 mil e 1,2 milhões de anos atrás, durante o período de Transição do Pleistoceno Médio, os ciclos glaciais (oscilações climáticas de longo prazo que variam climas glaciais, mais frios, e interglaciais, mais quentes) alternaram de 41 mil para 100 mil anos, e é esse mistério principal que os cientistas querem resolver.
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A mudança no padrão dos ciclos de gelo e degelo pode explicar as teorias sobre a extinção quase total dos ancestrais humanos, que foram reduzidos a uma população de cerca de mil indivíduos quando a dinâmica antártica mudou. "Os cientistas não sabem se há uma ligação entre essa quase extinção e o clima", disse o chefe da expedição, Carlo Barbante, do Instituto Polar Italiano, "mas isso demonstra que é um período incomum que é importante entender melhor".
Depois de retirada de seu local de perfuração, "Little Dome C", localizado a uma altitude de três mil metros, a grande peça de gelo teve de ser transportada por 40 km via veículos de neve até um centro de pesquisas próximo. Em seguida, vai ser enviada a diversos centros de pesquisa em toda a Europa para ter suas análises iniciadas.
Dentro da amostra de gelo há camadas mais e menos antigas, formadas durante milhares de anos, e capazes de determinar as condições primitivas da Terra e da região congelada da Antártida. É o "registro contínuo mais longo do nosso clima passado", que pode "revelar a ligação entre o ciclo do carbono e a temperatura do nosso planeta", disse Barbante.
Quer-se descobrir, com a análise do suposto gelo mais antigo, quando a região da Antártida esteve "descongelada", e quando deu início ao seu processo de congelamento.
Esses estudos podem ajudar a compreender melhor as dinâmicas climáticas de longo período da Terra, bem como a história antiga do planeta.