O Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) iniciou, no Dia da Árvore, celebrado neste sábado (21), um projeto de reflorestamento em 2 mil hectares de áreas de Reserva Legal e Preservação Permanente, localizadas na região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais.
A ação envolve assentamentos de reforma agrária em municípios como Periquito, Santa Maria do Suaçuí, Jampruca, Campanário, Resplendor e Governador Valadares.
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A metodologia de plantio adotada pelo MST, chamada "muvuca de sementes", consiste em uma técnica que mistura várias espécies de sementes nativas, permitindo o plantio em larga escala e a recuperação mais rápida do solo.
Segundo Henrique Samsonas, do Setor de Produção e Meio Ambiente do MST, essa abordagem é mais econômica e tem demonstrado ótimos resultados na restauração das áreas, além de gerar renda para assentados, povos indígenas e quilombolas envolvidos no processo.
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A ação faz parte do Programa Agroecológico de Recuperação da Bacia do Rio Doce, que surgiu após o desastre ambiental causado pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015. Desde então, o MST atua na recuperação ambiental da região com tecnologias como barraginhas (para captar água da chuva) e biodigestores (para tratamento de esgoto).
Além disso, o projeto integra a campanha nacional do MST "Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis", que visa plantar 100 milhões de árvores até 2030, promovendo a restauração ambiental e a produção sustentável de alimentos.
Propostas do MST para o meio ambiente
O MST também lançou neste Dia da Árvore sua plataforma de propostas específicas sobre o meio ambiente junto aos candidatos e candidatas do movimento para vereadores e prefeituras em todas as regiões do país.
Reunindo seis propostas, a plataforma apresenta iniciativas de audiências públicas, proposição de legislação e iniciativas de políticas públicas, além de ações de reflorestamento em espaços públicos.
A iniciativa estimula as mais de 600 candidaturas apoiadas pelo MST em todo o país para ampliar com a sociedade o debate sobre o tema ambiental e pautar ações concretas para as campanhas municipais.
Com o compromisso central da luta pela Reforma Agrária Popular, promoção do desenvolvimento do campo e desenvolvimento de políticas públicas para a produção de alimentos saudáveis a partir da agroecologia no combate à fome; o tema ambiental assume a centralidade das candidaturas do Movimento Sem Terra frente aos crimes ambientais que crescem em todos os biomas brasileiros.
Plataforma de propostas das candidatura do MST sobre o meio ambiente
- Propor um programa de reflorestamento nas praças, avenidas, margens das estradas, rodovias em todo o território do município.
- Elaborar um plano de reflorestamento de áreas degradadas e recuperação nascentes nas comunidades rurais do município.
- Fortalecer e estimular projetos de viveiros municipais, criação de biofábricas e reaproveitamento de resíduos orgânicos, além de assistência técnica aos agricultores familiares.
- Incentivar a proposição de projetos de lei para criação de restaurantes populares e cozinhas solidárias vinculadas à hortas urbanas dos municípios, em parceria com a União.
- Criar legislações municipais de combate ao uso de agrotóxicos, tornando proibido o uso de venenos em áreas da prefeitura tais como escolas, ruas, hospitais, pátios públicos, assim como em áreas residenciais e a pulverização aérea no campo.
- Construir audiências públicas nas câmaras municipais para debater os impactos dos programas educacionais do agronegócio na Escola Pública e propor projetos de lei municipal pelo fim de sua presença na Escola.
Relembre a tragédia de Mariana
A tragédia da barragem de Fundão ocorreu em 5 de novembro de 2015, no município de Mariana, Minas Gerais, e é considerada o maior desastre ambiental do Brasil.
A barragem, de propriedade da mineradora Samarco, uma joint venture entre a Vale e a BHP Billiton, armazenava rejeitos de minério de ferro e se rompeu, liberando cerca de 50 milhões de metros cúbicos de lama tóxica.
A lama percorreu centenas de quilômetros, devastando comunidades, destruindo o distrito de Bento Rodrigues e causando a morte de 19 pessoas.
O desastre contaminou rios, incluindo o Rio Doce, que chegou até o Oceano Atlântico, afetando ecossistemas e deixando milhares de pessoas sem acesso à água potável.
Além do impacto humano, o rompimento da barragem resultou em enormes danos ambientais, destruindo a fauna e flora locais, poluindo a água e prejudicando a subsistência de muitas comunidades ribeirinhas.
O evento também gerou graves consequências econômicas e sociais para a região e levantou questionamentos sobre a segurança das barragens no Brasil, desencadeando debates sobre regulamentações ambientais e responsabilidades das empresas envolvidas.
Diversas investigações foram abertas para apurar as causas do desastre e atribuir responsabilidades, com processos judiciais e acordos de indenização em andamento.
A Samarco, a Vale e a BHP Billiton foram multadas e enfrentam ações judiciais tanto no Brasil quanto internacionalmente devido à extensão dos danos.
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