MEDICINA HUMANISTA

Medicina em Cuba: Jovens do MST conquistam bolsa em Escola Latino-Americana de Medicina

“A medicina é muito elitizada em muitas partes do mundo e isso significa que há uma falta de sensibilidade em muitos de nossos médicos”, disse uma das estudantes

Grupo de estudantes bolsistas da Elam, em Cuba.Créditos: Brasil de Fato
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A Escola Latino-Americana de Medicina (Elam), em Havana, dá as boas-vindas a 15 novos estudantes brasileiros. Originários de famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), os jovens terão a oportunidade de se formar em medicina graças a um programa de bolsas de estudo.

Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a Elam se destaca como uma das maiores escolas de medicina do mundo, formando médicos para atender as comunidades desprivilegiadas. De acordo com a estudante Ana Karolina Cabeçoni, de 18 anos, membra do grupo, poucas pessoas conhecem a importância de Cuba na educação.

“Se fala muito sobre Cuba e muitas vezes pouco se sabe sobre sua história. Este é um povo que sempre compartilhou o que tem, não o que sobra. E acho que poder aprender sobre a história deles enquanto a gente está aqui, além de poder estudar medicina, é uma oportunidade única. É também uma oportunidade para darmos uma visão diferente do que se acredita estar acontecendo aqui”, disse ao Brasil de Fato.

“Queremos fazer parte da criação de uma medicina que não seja focada no dinheiro, mas no cuidado com as pessoas”, afirmou também a aluna Ana Vitoria da Silva, da província do Ceará. “A medicina é muito elitizada em muitas partes do mundo e isso significa que há uma falta de sensibilidade ou humanização em muitos de nossos médicos.”

A Elam não se limita à formação técnica de médicos. A escola busca desenvolver profissionais com uma visão humanista da saúde, incentivando o trabalho comunitário e a compreensão integral da doença. Os programas de ensino da Elam consideram que a enfermidade não é apenas um problema biológico, mas também um reflexo das condições sociais, como a pobreza e a desigualdade.

Em 1999, no auge da crise humanitária causada pelos furacões George e Mitch no Caribe, Cuba fundou a Elam. A iniciativa visava formar profissionais de saúde para a região, oferecendo bolsas de estudo a jovens de países devastados.

Com o tempo, a Elam se expandiu para a América Latina, África e até os EUA, formando mais de 31 mil médicos de quase 120 países, incluindo mais de mil brasileiros. Atualmente, a maioria dos alunos vem da Colômbia, como parte dos acordos de paz. A comunidade estudantil da Elam inclui palestinos de Gaza, Cisjordânia e campos de refugiados, refletindo a solidariedade cubana com a causa palestina.

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