INTEGRAÇÃO REGIONAL

MST reforça parceria com Venezuela apesar de tensões diplomáticas entre Lula e Maduro

Líder do movimento, João Pedro Stédile, afirma que parceria com o país vizinho é "histórica e permanente" e não é afetada por contextos eleitorais

Créditos: Rafael Stédile - Líder do MST firmou parceria com a Venezuela
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O Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) anunciou uma nova parceria com a Venezuela, independentemente da atual crise diplomática entre os governos de Lula e Nicolás Maduro. Segundo o líder do MST, João Pedro Stédile, a aliança com o país vizinho é "histórica e permanente", não sendo afetada por contextos eleitorais ou mudanças de governo.

Stédile concedeu uma entrevista à jornalista brasileira radicada em Moscou, capital da Rússia, Ana Livia Esteves, da agência de notícias russa Sputinik nesta sexta-feira (20).

Durante uma cerimônia com a presença de Maduro, o MST inaugurou um projeto de produção de alimentos em um terreno de mais de 10 mil hectares no estado de Bolívar, fortalecendo a relação de longa data que começou durante o governo de Hugo Chávez. Stédile destacou a importância da parceria para promover a agroecologia e a produção de sementes, anteriormente importadas do exterior.

A crise diplomática entre os dois países, relacionada ao questionamento de Lula sobre o processo eleitoral na Venezuela, não afetará a continuidade dos projetos do MST. Stédile criticou a postura do Itamaraty, afirmando que não respeita a autodeterminação dos povos, e ressaltou a autonomia do MST em relação aos governos e partidos.

"Temos uma visão crítica do Itamaraty, que historicamente se comporta pautado pelos interesses medíocres de seus diplomatas, sem respeitar a vontade política do povo brasileiro", declarou Stédile. "A postura adotada esteve muito mais interessada em agradar a europeus e americanos [...] como se o povo brasileiro tivesse elegido o Lula por nada."

A postura do governo brasileiro de não reconhecer a vitória de Maduro tem gerado debates, com críticos afirmando que o Brasil interfere em assuntos internos da Venezuela.

O distanciamento do Brasil de seus parceiros regionais e a aproximação com potências capitalistas, como EUA e França, também têm sido apontados como parte de um realinhamento diplomático que gera crises e afasta o país de sua postura tradicional anti-imperialista.

Leia aqui a entrevista na íntegra.

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