Com 120 km de extensão e mais de 2 mil metros de espessura, a Geleira Thwaites, localizada na Antártica, tem despertado o temor dos cientistas e ambientalistas ao redor do mundo. Conhecida como "Geleira do Juízo Final" e comparável em tamanho ao estado da Flórida (EUA), o derretimento do maior bloco de gelo da Terra representa as rápidas mudanças climáticas. Mas a que se deve essa preocupação?
Isso ocorre porque, com o aumento da temperatura no mundo, o derretimento acelerado da geleira Thwaites pode aumentar o nível do mar em mais de 60 centímetros, o que vai alterar os padrões climáticos aos quais estamos acostumados, intensificar eventos climáticos extremos e afetar diretamente milhões de vidas, principalmente em áreas costeiras.
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A atenção sobre Thwaites também se deve à sua interconexão com outras geleiras na Antártica. De acordo com pesquisadores do British Antarctic Survey (BAS), que usam robôs subaquáticos para monitorar os estágios de transformação da geleira, o volume de gelo que flui para o mar a partir de Thwaites e das geleiras vizinhas mais que dobrou entre as décadas de 1990 e 2010. Chamados Icefin, esses robôs chegam até a linha de frente de Thwaites no fundo do mar, onde o gelo começa a flutuar.
Ao comentar sobre o último relatório publicado na quinta-feira (19), Rob Larter, geofísico marinho da BAS e integrante da equipe ITGC, reconhece que as últimas descobertas "indicam que ela está prestes a recuar ainda mais e mais rápido".
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Os dados disponíveis sugerem ainda que, no ritmo desse derretimento, uma grande parte da camada de gelo da Antártida Ocidental pode desaparecer completamente até o século 23.
Thwaites está localizada na região mais ampla da chamada Baía do Mar de Amundsen, que é atualmente responsável por oito por cento da taxa atual de elevação global do nível do mar, de 4,6 mm/ano.
Frente ao aumento da taxa de derretimento, um plano, avaliado em US$ 50 bilhões, tem sido pensado por um pesquisador finlandês para a construção de uma cortina no fundo do oceano que visa proteger esse bloco de gelo da água quente.
As expectativas, no entanto, são incertas. Outro glaciologista, Eric Rignot, da Universidade da Califórnia, demonstra apreensão que acompanha cientistas.
“Embora tenha havido progresso, ainda temos grande incerteza sobre o futuro. Continuo muito preocupado de que esse setor da Antártica já esteja em estado de colapso”.
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